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Delação de executivos da Camargo Corrêa na Lava Jato deve poupar políticos

Em Brasília

05/03/2015 10h00

O presidente e o vice da empresa Camargo Corrêa, Dalton Avancini e Eduardo Leite, devem prestar nesta quinta-feira (5) o primeiro depoimento aos investigadores da Polícia Federal e do Ministério Público Federal como parte do acordo de delação premiada na Operação Lava Jato. Os executivos não devem revelar nenhum nome de político "graúdo", porque só teriam como comprovar a relação de executivos de outras empresas na formação de cartel para ganhar, fraudar e superfaturar concorrências em obras públicas feitas com recursos federais.

A expectativa do Ministério Público é que, mesmo sem implicar diretamente nomes relevantes do meio político, a delação dos executivos vai ajudar os investigadores a rastrear o caminho percorrido pelo dinheiro fruto de desvios em contratos com o setor público.

O ponto forte das revelações da dupla estará na participação da companhia em outras construções, especialmente na área de energia, como Belo Monte e Jirau. O centro dessas informações estará na formação de cartel e serão implicados executivos de outras empresas (construtoras ou não) e seus operadores.

Em troca de colaborar com as investigações, Avancini cumprirá um ano em prisão domiciliar sem poder sair de casa. Depois, o executivo ficaria outro período, provavelmente inferior a cinco anos, em um regime pelo qual poderia sair de sua residência para trabalhar durante o dia. Ele também se comprometeu a pagar uma multa de R$ 2,5 milhões ao erário, valor equivalente a cerca de metade de seu patrimônio pessoal.

Esses benefícios pré-combinados com a força-tarefa da Lava Jato ainda precisam ser aprovados pelo juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato na Justiça de primeira instância. Procurado, o advogado de Avancini, Pierpaolo Bottini, disse que não pode se manifestar até que o acordo seja homologado, o que deve ocorrer em cerca de duas semanas.

Os executivos da Camargo Corrêa já reuniram todos os documentos para ajudar a comprovar crimes envolvendo o esquema que atuava na Petrobrás e devem começar a apresentá-los no depoimento de hoje.

O levantamento das provas que revelam esquema de corrupção em contratos com o setor elétrico ainda está sendo realizado. Serão apresentados e-mails e atas de reuniões, e os delatores estão repassando entre eles o relato detalhado das ações de corrupção presenciadas pelos dois executivos.