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'Recrutam a rapaziada para vingar o ataque', diz morador de Fortaleza após chacina

Bruno Ribeiro

Fortaleza

30/01/2018 08h45

No cenário da chacina do sábado (27), onde as paredes têm pichações com as iniciais de facções FDN (Família do Norte) e CV (Comando Vermelho), moradores ainda estão assustados, embora o comércio tenha sido aberto nesta segunda-feira (29). A creche do bairro, que atende 200 crianças, entretanto, não funcionou.

Na comunidade de Cajazeiras, local da chacina, circulam mensagens de WhatsApp de supostos integrantes do Comando Vermelho que estariam recrutando jovens do bairro para vingar as mortes, atribuídas à facção cearense Guardiões do Estado (GDE). Na noite desta segunda, um grupo fez barricadas de fogo para bloquear a BR-116, em protesto contra a chacina.

"Eles estão mandando mensagens recrutando a rapaziada para 'vingar' o ataque. Eles querem reunir gente para dar o revide", disse um morador, que pediu para não se identificar. "Tem um vídeo, que é de uma mulher esfaqueada agonizando. Essa seria a mulher de um cara do GDE. Estão dizendo que o ataque foi para vingar a morte dessa mulher. Por isso que mataram tantas mulheres", contou outro morador. "Agora, querem chamar gente para vingar as mortes", disse outro.

A disputa entre facções criminosas causou a madrugada mais violenta da história no Ceará. A chacina, que ocorreu em uma casa de shows, deixou 14 mortos e 18 feridos, segundo a Secretaria de Segurança e Defesa Social do Estado. Entre os mortos, estão seis homens e oito mulheres, sendo duas menores de idade. Cinco dos 18 feridos continuam internados.

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Quem mora ali ainda está em choque. "Eu estava em casa. Ouvi todos os tiros, dentro de casa. Então, comecei a ouvir barulho de gente correndo no telhado de casa. Quebraram as telhas. Quando saí do quarto, tinha gente escondida no quintal de casa. Muita gente fugiu pulando os muros", conta um comerciante de 30 anos que mora ao lado do Forró do Gago, local do massacre.

Investigação

A polícia prendeu nesta segunda-feira sete pessoas que estavam em um velório de um homem que morreu em confronto com a polícia durante a madrugada. Cinco tiveram a prisão mantida por porte ilegal de arma. Pistolas apreendidas serão periciadas para averiguar se os tiros que mataram as vítimas partiram delas. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".