Petista, presidente da Alerj acena para Witzel e isola PSL no Rio
O documento apontou movimentações financeiras atípicas e incompatíveis com a renda de um ex-assessor de Flavio, Fabrício Queiroz. A bancada não teve como substituir o candidato a presidente que apoiava, André Corrêa (DEM), preso na Operação Furna da Onça. A falta de experiência dos pslistas facilitou a ação de Ceciliano em direção a Witzel.
Detentor da maior bancada da Casa, com doze dos 70 deputados, o PSL, após a euforia da vitória em outubro, chegou à Alerj fazendo exigências. Tinha como metas tirar o PT da presidência do Legislativo, que queria para si, e tomar o comando da Comissão de Direitos Humanos do PSOL, que a controla desde 2009.
O primeiro pré-candidato a presidente da Assembleia pela legenda foi o deputado Rodrigo Amorim. Ele ficou conhecido por quebrar uma placa em homenagem à vereadora assassinada Marielle Franco (PSOL), ao lado de Witzel. Ganhou apoio de Flávio durante a campanha, que o acompanhou em diversos compromissos no Rio, o que provavelmente foi decisivo para a sua votação. O tom de imposição das exigências do PSL, feitas por uma bancada de novatos, porém, irritou os parlamentares mais antigos, de outros partidos, acostumados a negociar cargos e atender aos partidos mais influentes da Casa.
O PSL também se dividiu, e o consenso em torno de Amorim tornou-se impossível. O partido então anunciou apoio a Corrêa, para derrotar o PT e o MDB. A prisão do deputado, na ação do Ministério Público Federal e da Polícia Federal contra a corrupção na Casa, também abateu essa opção. Flávio então se reuniu com a bancada, e cogitou novamente lançar candidato próprio, mas o nome do deputado Márcio Pacheco (PSC), pareceu mais viável. O partido do governador, porém, tem na Casa apenas Pacheco e Chiquinho da Mangueira, que está preso. Com dificuldades para se viabilizar, a candidatura de Pacheco perdeu tração. A divulgação do relatório do Coaf, no início de dezembro, enfraqueceu Flávio e seu partido.
Diante desse cenário, cresceu a candidatura de Ceciliano. Ele preside interinamente a Alerj desde que o presidente Jorge Picciani (MDB) foi preso, em 2018. Até o governador, politicamente próximo do PSL, fez acenos ao petista, mesmo sem demonstrar apoio oficial. O fato irritou ainda mais o senador e parlamentares eleitos do partido, que sonhavam ser base do governo Witzel na Casa. Insinuaram que o governador, eleito com discurso de direita, teria mudado de lado. Um dos motivos da irritação do PSL foi a avaliação de que o governador do Rio, antes um desconhecido e nanico nas pesquisas, só se elegeu devido ao apoio de Flávio.
O nome de Ceciliano também apareceu no relatório do Coaf. Segundo o documento, três pessoas ligadas ao presidente da Alerj, entre eles dois servidores - movimentaram entre 2011 e 2017 cerca de R$ 45 milhões. Ceciliano negou irregularidades e abriu voluntariamente seus sigilos telefônico e bancário para procuradores que investigam o caso no Ministério Público do Rio.
Posse inviável. Nesta quinta, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF - 2) negou pedido de três deputados da Alerj, Luiz Martins (PDT), Marcos Abrahão (Avante) e Chiquinho. Eles queriam uma "saída temporária" da prisão para tomar posse na nova legislatura. O juiz federal Gustavo Arruda Macedo, porém, determinou que o presidente da Alerj deve avaliar se Chiquinho poderá tomar posse cumprindo prisão domiciliar. Também deverá verificar se há possibilidade de adiar momento da cerimônia ou alteração de seu local. A lei estabelece que a posse deverá ser tomada pessoalmente pelo parlamentar, até 60 dias após o início da legislatura, que começará nesta sexta-feira. A eleição da Mesa Diretora será no sábado, 2.
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