Vale vai optar por fechar acordos extrajudiciais, diz presidente
O anúncio foi feito após reunião com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge. O rompimento da barragem na última sexta-feira, 25, causou, até o momento, a morte de 99 pessoas, e 259 pessoas estão desaparecidas.
"Nossa intenção foi basicamente revelar a ela (Dodge) a nossa intenção de acelerar ao máximo o processo de indenização e atendimento às consequência do desastre. Para tanto, estamos preparados para abdicar de ações judiciais. Queremos fazer acordos extrajudiciais e estamos buscando assinar, com a maior celeridade possível, ações com as autoridades do Estado de Minas Gerais que permitam que a Vale comece imediatamente a fazer frente a este processo indenizatório", disse.
O valor das indenizações não foi definido pela empresa, disse Schvartsman, mas a intenção é realizar os pagamentos assim que o acordo for assinado com o governo de Minas Gerais. "O valor do acordo é o valor que tiver que ser. Não existe um valor definido. Vai ser aquilo que for necessário. Quando for definida a extensão das vítimas, o valor será decorrente disso", disse.
Schvartsman foi questionado sobre se temia que executivos da Vale fossem presos. "Eu não tenho nenhum motivo para temer a prisão de nenhum executivo da Vale", respondeu.
Ele negou que os acordos para o pagamento de indenizações tenham como objetivo aliviar a aplicação de futuras penalidades à empresa. "Nós não estamos em absoluto preocupados com esta questão. Estamos sinceramente muito chateados e tristes com o que aconteceu e queremos minorar o sofrimento das vítimas", disse.
Sobre as possíveis punições pelos impactos ambientais causados pelo rompimento da barragem, o presidente da Vale ressaltou que a prioridade é a atenção às vítimas. "Todos os aspectos foram discutidos, mas concordamos que a primeira atenção é às vítimas. Todo o resto é importante, ninguém tira a importância e tudo será cuidado", afirmou.
Schvartsman descartou a possibilidade de que tenha havido conluio entre funcionários da Vale e da Tüv Süd, empresa alemã que atestou a segurança das barragens da companhia. Três empregados da Vale e dois funcionários da Tüv Süd foram presos na última terça-feira (29).
"A gente compreende que nessa hora, que é de muita consternação e tristeza, versões estranhas aconteçam de todas as coisas. Do meu conhecimento, nada disso existe. Muito pelo contrário, todo o procedimento da Vale tem sido, em todas as informações que me chegaram, absolutamente pertinentes e corretas", disse.
Sobre eventual falha nas sirenes que poderiam alertar funcionários sobre o rompimento da barragem, o executivo disse que o equipamento foi levado pela onda de rejeitos e, por isso, não funcionou da forma esperada.
"A sirene é uma coisa trágica. Em geral, pelo que o histórico de rompimento de barragens demonstra, isso vem com algum aviso. Isso acontece aos poucos. Aqui aconteceu um fato que não é muito usual. Houve um rompimento muito rápido da barragem. E o problema da sirene é que a sirene que ia tocar foi engolfada pela queda da barragem antes que pudesse tocar", disse.
Schvartsman disse que Dodge propôs a realização de novas reuniões com a empresa. "A PGR terá um papel relevante porque existe essa necessidade, mas um primeiro acordo está sendo dirigido no Estado de Minas que é onde as vítimas estão e onde está a jurisdição do acidente que aconteceu", afirmou.
O presidente da Vale disse que a companhia realizou hoje cultos ecumênicos em homenagem às vítimas - a tragédia completou sete dias hoje. " A empresa está toda de luto e emocionada pelo que aconteceu. Não é diferente comigo. Estou muito abalado pelo que houve. Meu coração e minha cabeça estão voltados para o atendimento às vítimas e tentar minorar o sofrimento que foi causado."
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