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'Me ajudem a fazer da Baía de Angra uma Cancún brasileira', diz Bolsonaro

Daniela Amorim

Rio

27/07/2019 15h12

O presidente Jair Bolsonaro disse neste sábado, 27, no Rio, que está buscando parceiros de outros países para explorar as riquezas naturais brasileiras, e defendeu a aproximação com os Estados Unidos e a indicação de seu filho Eduardo Bolsonaro, atualmente deputado federal pelo PSL de São Paulo, para ocupar o cargo de embaixador em território americano.

"Me ajudem a fazer da Baía de Angra uma Cancún brasileira. Só que eu tenho que derrubar um decreto, acreditem, é por lei. Cancún fatura uns US$ 12 bilhões por ano. O que fatura a Baía de Angra? Fatura com o dinheiro que vem de cuscuz, de cocoroca e água de coco. E o Estado (RJ) e o governador (Wilson Witzel) com dificuldade", ironizou. "Vamos fazer da Baía de Angra uma Cancún. Estou trabalhando nesse sentido. Já tem gente de fora do Brasil que a custo zero transforma isso talvez na primeira maravilha do Brasil", completou.

Questionado sobre as questões ambientais que envolvem a região de Angra dos Reis, Bolsonaro respondeu que o assunto vai "preocupar os veganos que só comem vegetais". Ele argumentou que quem quiser cometer um crime ambiental atualmente na baía de Angra poderia fazê-lo tranquilamente à noite, porque "não tem como fiscalizar".

Para Bolsonaro, o Brasil já tem reservas naturais em excesso. Ele criticou as multas do Ibama a quem produz soja em reservas indígenas.

"Pela primeira vez na historia do Brasil na nova república tem um presidente que tratou de igual todos os chefes de estado do G-20. O presidente da França, a senhora (Angela) Merkel, queriam que eu voltasse pra cá demarcando mais 30 reservas indígenas, ampliando reservas ambientais. Isso é um crime", opinou.

Segundo ele, a extensão da reserva indígena Ianomâmi tem o dobro do Estado do Rio de Janeiro, mas apenas 9 mil índios.

"Raros são os municípios que têm menos de nove mil habitantes. É justo isso? Terra riquíssima. Se junta com a (reserva) Raposa Serra do Sol é um absurdo o que temos de reservas minerais ali. Estou procurando o primeiro mundo para explorar essas áreas em parceria e agregando valor. Por isso a minha aproximação com os Estados Unidos. Por isso eu quero uma pessoa de confiança minha na embaixada dos Estados Unidos", disse o presidente, referindo-se ao próprio filho.

Bolsonaro voltou a falar que a divulgação de dados sobre desmatamento é propaganda negativa e que "alguns" parecem gostar de fazer "campanha contra a sua pátria".

"Não estou acusando ninguém, mas queria saber qual o amor que une essas pessoas com ONGs internacionais. Não serei irresponsável de fazer uma campanha contra o meu Brasil", disse. "Esses dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, órgão atacado recentemente pelo governo por conta da divulgação de dados mostrando aumento no desmatamento), semana que vem vão ter uma surpresa...", disse o presidente, sem dar em detalhes sobre o que será divulgado na próxima quarta-feira.

Contato direto

Quanto à indicação do filho Eduardo à embaixada brasileira nos Estados Unidos, Bolsonaro alegou que dessa maneira teria um contato direto com o presidente americano Donald Trump.

"Vocês acham que eu botaria um filho meu no posto de destaque desse para pagar vexame? Eu quero um contato imediato, rápido, com o presidente norte-americano. (Para evitar situações) Como a que eu tive dificuldade agora para tratar a questão do navio iraniano que está aqui no Brasil", justificou.

O presidente disse ainda que as negociações sobre o abastecimento de navios iranianos retidos no Porto de Paranaguá desde junho por falta de combustível é um assunto "reservado".

Na entrevista a jornalistas, Bolsonaro disse que a Zona Franca de Manaus era importante para o governo, mas que a carga tributária precisava diminuir também no restante do País. Ele criticou ainda alguns gastos públicos e engessamento da destinação do orçamento.

"Realmente o Brasil não afundou porque entra muito dinheiro do povo trabalhador. O ralo da corrupção é enorme", disse.