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Moradores de Paraisópolis querem baile funk "com regras" após tragédia

Baile funk DZ7 na comunidade de Paraisópolis, zona sul de São Paulo, com o "paredão" em carro - 07.dez.2019 - José Barbosa/Futura Press/Estadão Conteúdo
Baile funk DZ7 na comunidade de Paraisópolis, zona sul de São Paulo, com o "paredão" em carro Imagem: 07.dez.2019 - José Barbosa/Futura Press/Estadão Conteúdo

Felipe Resk

De São Paulo

10/12/2019 12h19

Moradores de Paraisópolis, na zona sul paulistana, querem que o poder público ajude a organizar o Baile da Dz7, pancadão em que nove pessoas morreram após uma ação policial na semana passada.

Com a medida, o Prefeitura e o Estado seriam responsáveis por fornecer a estrutura do evento, mas o baile funk também passaria a ter regras definidas, como horários para começar e terminar.

A proposta foi apresentada por líderes comunitários ontem a uma comitiva formada por 20 representantes das gestões do governador João Doria (PSDB) e do prefeito Bruno Covas (PSDB), entre secretários e presidentes de autarquias. Entre as reivindicações, há, ainda, a criação da Subprefeitura de Paraisópolis, que englobaria a comunidade e o bairro vizinho do Morumbi. Os governos devem responder às demandas em dez dias.

O mais famoso pancadão de Paraisópolis, o Baile da Dz7 reúne, em média, entre 3 mil e 5 mil pessoas.

A maior parte fica concentrada na Rua Ernest Renan, mas o público também se espalha por vielas e ruas do entorno. Sem organizadores oficiais, o evento começa na quinta-feira e só termina no domingo - e motiva reclamações de barulho e de comércio de álcool e drogas.

O baile acontece a partir de carros ou paredões de som que somam ao fluxo, além de bares da região, abertos durante a madrugada.

"Um evento da cidade de São Paulo que pode chegar a ter até 30 mil pessoas deve ser estruturado", afirma o líder comunitário Gilson Rodrigues, representante dos moradores de Paraisópolis.

Na reunião com representantes dos governos, ele cobrou apoio na logística, além de instalação de banheiros químicos e de palco no baile funk.

"Queremos que nossos bailes, já que são uma realidade, possam ser organizados, com horário para começar e terminar. Mas também com infraestrutura até que se crie condições de migrar para um espaço mais adequado."

Presente na reunião, o secretário municipal de Cultura, Alê Youssef, diz que é necessário "criar uma série de ações voltadas para infraestrutura, mas também para valorização".

"É fundamental termos, por parte do poder publico, a noção da importância do funk enquanto gênero cultural expressivo e protagonizado pela juventude", afirma. "A gente vai, juntamente com todos os órgãos, buscar ações para garantir a presença do Estado."

Já o secretário estadual de Cultura e Economia Criativa, Sérgio Sá Leitão, afirma que é preciso fixar regras para qualquer evento em áreas públicas de Paraisópolis.

"Não apenas o baile funk, mas qualquer outra manifestação cultural que aconteça na comunidade", diz. "Tem de ter qual é o horário de funcionamento, o padrão em relação a decibéis e por aí vai. É perfeitamente factível fazer isso."

Na reunião, também foram expostas demandas de educação, habitação, infraestrutura, emprego, entre outros temas. Segundo a secretária estadual de Desenvolvimento Econômico, Patricia Ellen, a ideia é que as ações direcionadas para Paraisópolis também sejam replicadas.

"Hoje, foi dia de ouvir", afirma. "Vamos trabalhar em comissões técnicas nos próximos dez dias para retornar com um programa para Paraisópolis que, provavelmente, também vai ser utilizado para atender outras comunidades."

Subprefeitura

Hoje, Paraisópolis está dividida entre duas subprefeituras, já que o distrito da Vila Andrade, onde está a maior parte da comunidade, pertence à Subprefeitura do Campo Limpo, na zona sul; enquanto o distrito do Morumbi, à Subprefeitura do Butantã, na zona oeste.

"Hoje, as subprefeituras do Butantã e do Campo limpo recebem muita demanda e não conseguem absorver as demandas daqui", diz Rodrigues. "A instalação de uma subprefeitura para Paraisópolis e Morumbi é muito necessária, para que essas ações possam ser centralizadas e a gente consiga ter uma proximidade."

Conforme o secretário municipal das Subprefeituras, Alexandre Modonezi, a proposta será discutida com Bruno Covas. "Vamos fazer um estudo técnico e voltar a debater com a sociedade."

Parque

Após a reunião, a gestão Covas também anunciou que as obras para o Parque Paraisópolis devem começar em fevereiro. "É um parque em implementação há alguns anos. O prefeito determinou que nós encerrássemos o período licitatório e iniciássemos as obras, diz o secretário municipal do Verde e Meio Ambiente, Eduardo de Castro.

Segundo Castro, o projeto já estaria aprovado e a previsão de entrega é até o fim de agosto. "São 68 mil m², um investimento inicial de R$ 3,1 milhões."

Entre moradores, há queixas de que a área seria insuficiente para atender a comunidade. "Existe a possibilidade de incorporarmos mais duas áreas da Secretaria de Habitação, mas isso é uma tratativa de governo ainda", diz ele.