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Bolsonaro defende em live adiamento de atos, mas mantém críticas ao Congresso

Julia Lindner

Brasília

12/03/2020 21h57

Ao recomendar o adiamento dos atos pró-governo do dia 15 de março, o presidente Jair Bolsonaro manteve o tom crítico em relação ao Congresso, na noite desta quinta-feira, 12. Segundo Bolsonaro, o movimento está "dividido" sobre manter ou não os protestos por riscos de propagação do coronavírus.

"Uma das ideias é adiar, suspender, e daqui um mês, dois meses se faz. Já foi dado tremendo recado ao parlamento no tocante daquelas emendas de relator, se ele vai ter autonomia para movimentar em média R$ 15 milhões", disse o presidente em transmissão ao vivo nas redes sociais.

Bolsonaro destacou que o movimento ocorre de forma "espontânea" e que não foi ele quem programou os atos, mas que os políticos precisam estar abertos a esse tipo de protesto. Os responsáveis pelos protestos têm colocado como principal alvo o Legislativo e Judiciário. Nos últimos dias, o próprio presidente e sua equipe ajudaram na divulgação.

"Como político, todo mundo quer estar junto do povo, mas não pode ser só durante as eleições. É o mandato todo. O povo quis. Vão se manifestar a favor e contra a gente. Há uma certa divisão tendo em vista mais gente que possa se juntar nesse dia e ajudar a propagar o vírus", declarou o presidente nesta quinta.

Bolsonaro contou que tem recebido mensagens de pessoas que desistiram de ir por receio de contrair coronavírus. "Tem aspecto que tem que levar em conta porque é mais um agrupamento de pessoas. Muita gente dizendo 'eu vou, mas minha esposa e meu filho não vão'. Ou: 'eu vou, mas meu avô, que tem certa idade, não irá'".

Além da divisão no movimento, Bolsonaro demonstrou receio com uma possível "explosão" do coronavírus. "O que vejo desse movimento do dia 15 é evitar que haja explosão de pessoas infectadas, porque os hospitais não dariam vazão para atender. Se o governo não tomar nenhuma providência, sobe e depois de um certo limite não dá mais, o sistema não suporta. E daí problemas acontecem. O pessoal fica apavorado. Acaba morrendo gente por outro motivo, vão dizer que é o coronavírus. Como presidente, tenho que tomar uma posição contra ou a favor."

A deputada Carla Zambelli (PSL-SP) disse que, a pedido do presidente, as manifestações pró-governo deste domingo, 15, serão adiadas. "O objetivo é prevenir os brasileiros contra o contágio do novo coronavírus", disse. Como o Broadcast Político mostrou mais cedo, aliados de Bolsonaro queriam cancelar o evento e o presidente planejava fazer um pronunciamento público para dissuadir as pessoas de irem às ruas.