Ministério da Saúde se cala sobre Bolsonaro atropelar cartilha sanitária em ato
Resumo da notícia
- Ministério da Saúde recomendou cancelamento de eventos com aglomerações
- Após pressão do setor de turismo, pasta recuou e orientou medida para locais com transmissão
- Bolsonaro esteve no ato em Brasília e atropelou cartilha sanitária, cumprimentando apoiadores
O Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não comentaram até o momento a presença do presidente Jair Bolsonaro em manifestação pró-governo, anti-Congresso e anti-STF realizada neste domingo, 15, em diversas cidades do país.
Procurado, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), também não comentou o assunto.
O Ministério da Saúde fez recomendações na semana passada para que eventos com aglomerações fossem cancelados, adiados ou realizados sem público por causa do novo coronavírus. Ontem, após pressão do setor de turismo, a pasta recuou e orientou a medida apenas para locais com transmissão local da doença.
Bolsonaro esteve no protesto em Brasília, que ainda não tem transmissão local confirmada. Apesar disso, ele atropelou a cartilha sanitária que o governo prega ao cumprimentar apoiadores e tocar em diversos celulares para fazer selfies. Em alguns momentos, Bolsonaro chegou a colar o rosto ao de apoiadores para fazer fotos. A orientação da pasta é evitar ao máximo este tipo de contato e manter as mãos sempre limpas.
Durante a última semana, o ministério evitou se opor a realização de atos pró-Bolsonaro com aglomerações neste domingo. Técnicos da pasta têm dito que cabe bom senso para evitar, por exemplo, ir ao protesto se estiver com suspeita da nova doença.
Fontes médicas e do governo informaram que a recomendação para Bolsonaro, que testou negativo para coronavírus, era permanecer em isolamento até a próxima quarta-feira, quando completa o prazo de sete dias de seu último contato com o secretário de Comunicação, Fabio Wajngarten, infectado com o coronavírus. Além dele, outras seis pessoas que estiveram com Bolsonaro nos Estados Unidos também testaram positivo para a covid-19.
Na semana passada, Bolsonaro chegou a pedir para que as manifestações fossem "repensadas" e talvez adiadas, mas apoiadores seguiram insistido em promover os protestos e iniciaram o movimento nas redes sociais #DesculpeJairMasEuVou.
Presidente da Anvisa acompanha Bolsonaro em ato
O diretor-presidente substituto da Anvisa, Antonio Barra Torres, acompanhou o presidente Jair Bolsonaro no ato deste domingo.
A presença do diretor da Anvisa na manifestação causou perplexidade em técnicos da área da Saúde do governo. Para eles, a ida de Bolsonaro ao ato acompanhado de Barra tira crédito da campanha de prevenção que vinha sendo feita e confunde a população.
Barra Torres se tornou um conselheiro de Bolsonaro para assuntos de saúde. Apesar de elogiado por ações para conter uma crise sanitária no Brasil, o ministro Mandetta não cai nas graças de Bolsonaro, dizem fontes do governo.
A Anvisa não se manifestou sobre se Bolsonaro contrariou recomendações do órgão e da Saúde para evitar uma epidemia de novo coronavírus. Disse apenas que Barra Torres aceitou convite para conversa informal no Palácio do Planalto com Bolsonaro.
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