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Coronavírus: 5 atos de Bolsonaro hoje que o governo recomenda evitar

Lucas Borges Teixeira

Colaboração para o UOL, em São Paulo

15/03/2020 17h05

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) cometeu pelo menos cinco erros ao receber e cumprimentar manifestantes na frente do Palácio da Alvorada nos atos deste domingo (15). Quem diz não são seus críticos, mas as recomendações do Ministério da Saúde do seu governo, baseadas em diretrizes da Organização Mundial de Saúde (OMS).

O presidente, que esteve há menos de uma semana nos Estados Unidos com pelo menos seis pessoas infectadas com coronavírus (Covid-19), contrariou recomendações passadas pela pasta desde fevereiro, quando lançou seu Plano de Contingência.

O próprio Bolsonaro chegou a ser considerado caso suspeito, mas o primeiro teste deu negativo nesta semana. Ainda assim, segundo especialistas, isso não descarta totalmente os riscos de transmissão e, se expor a conglomerados, aumenta as chances de contaminação e de transmissão.

Veja a seguir cinco erros cometidos pelo presidente que você deveria evitar:

1 - Bolsonaro violou isolamento

Ao se aproximar dos manifestantes, o presidente quebrou o isolamento domiciliar no qual ele deveria estar por dois motivos: voltou do exterior na última quarta-feira (11) e teve contato próximo com casos confirmados recentemente.

O Ministério da Saúde recomenda que pessoas que tenham chegado do exterior fiquem em casa por pelo menos sete dias. Bolsonaro voltou dos Estados Unidos na última quarta.

Da mesma forma, nesta viagem, o presidente teve contato com o Secretário da Comunicação, Fábio Wajngarten, que foi confirmado com o vírus na última quinta (12). Segundo o ministério, mesmo assintomáticas, pessoas que tiveram contatos com casos de Covid-19 também se isolar por sete dias.

2 - O presidente participou de aglomerações

Diferente de alguns países, como na Itália e na França, grandes aglomerações ainda não estão proibidas no Brasil — embora diversos estados, como Rio e SP, já tenham encaminhado restrições. E para evitar maior disseminação do vírus, o ministério tem orientado os cidadãos a evitarem aglomerações.

"O número de casos da doença dobre a cada três dias. Atitudes adotadas no dia a dia, como lavar as mãos e evitar aglomerações, reduzem o contágio pelo coronavírus", diz a pasta.

O presidente chegou a desencorajar os atos em um live na última quinta (12), mas tem compartilhado vídeos e incentivado as aglomerações desde o início da manhã e encontrou, por cerca de uma hora, diversos seguidores em frente ao Palácio do Planalto.

"Quando você aglomera, começa a se expor a várias potenciais fontes. No caso do Covid-19, um R0 [pessoa infectada] pode transmitir o vírus para duas a três pessoas. O quanto isso não dá em uma manifestação?", questiona Evaldo Stanislau, infectologista do Hospital das Clínicas, em São Paulo.

"Sem nenhum tipo de juízo político, qualquer tipo de aglomeração, como esta, é totalmente inadequada do ponto de vista epidemiológico."

3 - Pegou aparelho de telefone de apoiador

Outra recomendação expressa do ministério da Saúde é evitar ao máximo o compartilhamento de objetos. Ao pegar o celular de seus apoiadores e devolver para eles, o presidente aumenta as chances de disseminação.

"O vírus é de transmissão aérea e por contato. Tudo o que fica em suspensão no ar se deposita em algum lugar. Quando você toca nesta superfície, neste objeto e leva a mão ao rosto, por exemplo, aumenta essas chances", afirma Stanislau.

4 - Apertos de mão devem ser evitados

Se pegar o mesmo objeto já é complicado, contato direto tem se tornado ainda mais contraindicado. De acordo com o Ministério da Saúde, em vez do tradicional aperto de mão, beijo no rosto ou abraço caloroso, é melhor cumprimentar com os cotovelos ou toques de pés.

Contrariando a prática, popularizada na Europa, Bolsonaro apertou a mão e abraçou diversos de seus apoiadores na frente do Planalto neste domingo.

5 - Distância deve ser de ao menos um metro

Além do contato, o vírus também é transmitido por vias aéreas - e este é um dos principais pontos para evitar aglomerações. "A transmissão se dá por secreções respiratórias. Em casos como este, são por gotículas, partículas mais pesadas e com alcance menor, por isso geralmente recomenda-se a distância de cerca de 1 metro", explica o infectologista.

Contrariando a recomendação do ministério, o presidente mais uma vez intensifica as possibilidades de contaminação ou transmissão ao se aproximar de tantas pessoas.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Trecho da reportagem continha erro ao se referir ao presidente Jair Bolsonaro como ex-presidente. A frase foi corrigida