Governo de Minas agora estuda adotar 'lockdown'
Belo Horizonte - De números considerados "satisfatórios" no combate à pandemia do novo coronavírus, conforme declaração do próprio governador Romeu Zema (Novo), Minas Gerais passou neste sábado, 20, a Estado sob risco de "lockdown" em pelo menos parte de seu território.
A hipótese de implementação de medidas drásticas, que podem incluir o fechamento total de regiões, foi admitida pelo chefe do Poder Executivo 90 dias após a avaliação positiva feita pelo governador em relação ao controle da pandemia no Estado, em 27 de março. Ontem, Minas bateu recorde de mortes por covid-19: 36. Os óbitos agora somam 636. O total de casos é de 27.305, 1.253 a mais que o balanço de anteontem. Conforme o governador, os números ficaram acima do esperado.
Ao longo do período entre as duas declarações de Zema foram colocados em funcionamento planos de reabertura de setores da economia por parte do Estado e também por decisões próprias de cidades, como Belo Horizonte e Uberlândia, no Triângulo Mineiro, as duas maiores de Minas.
Tanto na estratégia de retorno por parte do governo como dos municípios houve recuos e paralisação da reabertura, por causa do aumento no número de casos da doença e elevação nos níveis de ocupação de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e de enfermagem destinados ao tratamento de infectados.
No mesmo pronunciamento em que classificou os números como "satisfatórios", em 27 de março, Zema afirmou que era possível liberar atividades em algumas regiões do Estado porque a doença havia se espalhado de forma desigual por Minas e que não era justo que todas as cidades recebessem o mesmo tratamento. À época, Minas tinha 189 casos confirmados de Covid-19 e investigava 28 possíveis mortes pela doença.
Já na quinta-feira da semana passada, Zema afirmou que, "apesar de todas as medidas que o Estado vem tomando", o número de casos vem aumentando de forma expressiva e que, dentro de um mês, caso essa curva ascendente seja mantida, o sistema de saúde estadual sofreria um "estrangulamento total".
A explicação do governador para a situação foi que o número de casos, nas regiões consideradas mais críticas, superou as estimativas oficiais. "Esperávamos um crescimento, mas não como tem se comportado nos últimos dias. Faço um pedido a todos os mineiros e, principalmente, aos prefeitos, que façam tudo o que estiver ao alcance. Caso contrário, podemos ter alguma medida mais drástica em alguma região do Estado", disse.
Entre as áreas com números mais preocupantes estão o Vale do Aço, onde está Ipatinga, no Triângulo Mineiro, que tem Uberlândia como principal cidade, e Zona da Mata, onde fica Juiz de Fora.
Na sexta-feira, 19, a prefeitura da cidade do Triângulo, que havia iniciado reabertura do comércio em abril e recuado de parte das decisões no final de maio, tomou novas medidas no sentido de reduzir a circulação de pessoas na cidade. A partir de amanhã funcionarão apenas os segmentos essenciais, como supermercados, mercearias e açougues.
"Precisamos entender que o problema é coletivo. A doença está avançando e os leitos, esgotando", afirmou o secretário de Saúde do município, Gladstone Rodrigues. Números de anteontem da prefeitura apontavam para 99% de ocupação de leitos de UTI na rede de saúde municipal. O número de casos na cidade, conforme dados do Estado, é de 2.640, com 51 mortes. Já a prefeitura registra 4.748 casos, com 75 mortes.
O recuo do Estado na reabertura do comércio aconteceu na região central, onde está Belo Horizonte. Um total de 101 cidades foram orientadas pelo governo, com base no programa Minas Consciente, a sair da onda branca - a primeira fase do processo de liberação - e voltar para a onda verde - a estaca zero do processo. O anúncio foi feito também na sexta.
Participação voluntária
As cidades não são obrigadas a participar do programa, e municípios como a capital e Uberlândia não aderiram ao esquema. Em Belo Horizonte, a reabertura foi iniciada em 25 de maio. As liberações estão previstas para acontecer semanalmente. De cinco autorizações possíveis no período, a prefeitura permitiu retornos em apenas duas ocasiões.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. Leonardo Augusto, especial para o Estadão
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