Topo

Esse conteúdo é antigo

Governadores pedem coordenação no combate à covid-19: 'Dinheiro não é tudo'

Renato Casagrande, governador do Espírito Santo - Reprodução
Renato Casagrande, governador do Espírito Santo Imagem: Reprodução

De Emilly Behnke

Em Brasília

25/06/2020 11h30Atualizada em 25/06/2020 14h31

Os governadores do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), e do Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM), pediram mais coordenação e liderança do governo federal no combate à pandemia do novo coronavírus. Eles participaram hoje de uma audiência via internet da comissão mista que acompanha as ações do Executivo no combate à covid-19.

"Essa falta de coordenação nacional, a troca de ministros, a politização de medicamentos e do isolamento, e o enfrentamento provocado pelo presidente da República acabaram dificultando um pouco nosso trabalho", disse Casagrande, representando o Consórcio de Integração Sul e Sudeste.

Pelo tamanho e dimensão da pandemia, Casagrande argumentou que os efeitos da doença terão impacto em longo prazo na sociedade, em especial, na economia. Isso exigiria, segundo ele, um alinhamento maior do governo federal com os entes. Na sua opinião, a visão divergente do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) da maioria dos governadores em relação ao isolamento social causou um "estresse na relação".

Já Mauro Mendes, presidente do consórcio que abrange a região central do Brasil, lembrou que dinheiro não é tudo e disse ser necessário uma liderança que una o país na criação de soluções coletivas:

"O governo federal faz esforço, mas dinheiro não é tudo. Precisamos de uma articulação mais presente e mais próxima, uma liderança para o País. A interinidade do atual ministro da Saúde, por exemplo, gera instabilidade. Além disso, trocar três ministros em um período tão crítico não é algo razoável. Espero que o governo possa pacificar isso. Se é para continuar com o atual [ministro da Saúde], que o confirme definitivamente", opinou.

Dificuldades

Outras dificuldades apontadas pelos governadores na reunião foram a falta de medicamentos, a alta nos preços de remédios e equipamentos e a escassez de mão de obra. Segundo os governadores, os preços dispararam, os gestores têm dificuldade de fazer compras e os profissionais de saúde são obrigados a se afastar por conta de contaminações.

"Temos aí uma realidade dura. Os preços explodiram e os administradores estão com medo de comprar para depois responderem eternamente por ação de improbidade. Isso cria um ambiente muito hostil e que depõe contra o interesse de tomar providencias contra a população", avaliou Mauro Mendes.

Casagrande acrescentou que o Fórum de Governadores deve apresentar um pedido para o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, para orientar a compra de medicamentos de uso em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). "Estamos com dificuldades. A coordenação do governo federal é fundamental na compra desses medicamentos", disse.

No fim da reunião, o presidente da comissão mista, senador Confúcio Moura (MDB-RO), anunciou que o próximo encontro do colegiado está marcado para terça-feira (30), às 10h. Senadores e deputados pretendem ouvir agora representantes dos prefeitos.

*Com Agência Senado