Mesmo sem aval da Anvisa, começa produção de vacina russa Sputnik V no Brasil
O Brasil começou a produzir em território nacional doses da vacina russa contra a covid-19, a Sputnik V, segundo Kirill Dmitriev, presidente do Fundo Russo de Investimento Direto.
De acordo com Rogério Rosso, diretor de negócios internacionais do Grupo União Química, a produção foi iniciada com um lote-piloto de IFA (Insumo Farmacêutico Ativo), o princípio ativo do imunizante. Ele afirma que é possível produzir 8 milhões de doses por mês no País, assim que sua planta em Brasília, a Bthek, estiver operando em capacidade máxima.
Na manhã de ontem, Dmitriev anunciou que pretende resolver as questões pendentes para aprovação do imunizante pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) "nas próximas semanas". A expectativa é aumentar o nível de produção ainda em fevereiro.
Hoje, o país não tem doses suficientes de IFA para dar continuidade à vacinação com o imunizante produzido pelo Instituto Butantan/Sinovac nem com o da Universidade de Oxford/Astrazeneca. O governo federal se apressa, no momento, para importar esse insumos da China e da Índia.
Representantes do Grupo União Química se reuniram ontem com diretores da Anvisa para falar sobre o uso emergencial da Sputnik V no Brasil. Hoje, a farmacêutica protocolou na agência um pedido para a utilização de 10 milhões de doses no país —quantidade que a empresa pretende distribuir ainda no primeiro trimestre deste ano.
No sábado (16) a Anvisa rejeitou o pedido enviado na véspera pela União Química e pelo Fundo de Investimentos Diretos da Rússia (RDIF), alegando que o documento não cumpria "requisitos mínimos" para a aplicação emergencial das doses no Brasil.
Ontem, o STF (Supremo Tribunal Federal) deu 72 horas para que a agência confirme o recebimento do pedido, o estágio de análise do requerimento e eventuais pendências para a aprovação do imunizante.
Em nota divulgada após a reunião, a Anvisa afirmou que o laboratório disse estar interessado "em cumprir todas as etapas regulatórias exigidas pela Anvisa para avançar com os estudos clínicos no Brasil".
Não foram, porém, apresentados documentos novos para a autorização da pesquisa no país nem submetido pedido de uso emergencial. De acordo com a agência, uma nova reunião de caráter técnico deve ser realizada para avançar no processo da vacina. A data do encontro não foi divulgada.
A Sputnik V começou a ser aplicada na população russa no final de novembro do ano passado. Segundo seus desenvolvedores, ela teria 92% de eficiência contra a covid-19. No entanto, os estudos sobre o imunizante não foram ainda revisados por especialistas de outros países.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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