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Lula cita Paulo Freire para justificar aliança com Alckmin

Ex-adversários, Geraldo Alckmin e Luiz Inácio Lula da Silva estarão na mesma chapa, com petista como candidato a presidente e ex-tucano como vice - Ricardo Stuckert/Divulgação
Ex-adversários, Geraldo Alckmin e Luiz Inácio Lula da Silva estarão na mesma chapa, com petista como candidato a presidente e ex-tucano como vice Imagem: Ricardo Stuckert/Divulgação

São Paulo

21/07/2022 16h50

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) citou nesta quarta-feira, 20, um trecho da obra de Paulo Freire para justificar a aliança com o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSB), seu antigo adversário político e agora pré-candidato a vice-presidente na mesma chapa que concorre ao Palácio do Planalto.

"Eu li em um livro do Paulo Freire que a gente tem que juntar os divergentes para derrotar os antagônicos", disse Lula em sua conta no Twitter. Após a declaração, ele recebeu críticas tanto de pessoas ligadas à esquerda, que ainda questionam a escolha do ex-tucano para compor a frente ampla, quanto de direita, que relembram as acusações de Lula sobre corrupção.

"E é isso que vocês precisam saber. Nós vamos consertar esse país", afirmou o ex-presidente. Um dos fundadores do PSDB, Alckmin deixou o partido em dezembro de 2021 para compor a chapa de Lula e se filiou ao PSB.

A afirmação do ex-presidente foi considerada inadequada por críticos ligados à esquerda, tendo em vista o passado de Alckmin enquanto governador de São Paulo, marcado por disputas com professores de escolas públicas.

Já críticos alinhados com a direita afirmaram que o ex-tucano não teria se incomodado diante das denúncias de corrupção contra o petista. O vereador de São Paulo Fernando Holiday (Novo), que é pré-candidato à Câmara, disse que Alckmin teria virado "cúmplice" de Lula e estaria "voltando à cena do crime", citando expressão usada pelo próprio ex-governador para atacar o ex-presidente em 2017.

Quem foi Paulo Freire

Freire nasceu em 19 de setembro de 1921, no Recife, e passou a vida defendendo uma educação que transformasse o mundo. Criou um método de alfabetização de adultos que se tornou exemplo ao ser implementado em Angicos, Rio Grande do Norte. Logo depois, foi perseguido pela ditadura militar e teve de deixar o País. Foi secretário de Educação de São Paulo na Prefeitura de Luiza Erundina (1989-1992). Freire foi um dos pioneiros de uma pedagogia crítica, preocupada em formar cidadãos.

Seu livro 'Pedagogia do Oprimido' é o terceiro mais citado de todos os tempos em pesquisas da área de ciências sociais. Freire morreu em 1997, aos 75 anos.