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Com ministra na berlinda, Lula diz que não deixará ninguém 'no meio da estrada'

29.dez.2022 - Lula com Daniela Carneiro, ministra do Turismo que é acusada de ligação com milicianos - FÁTIMA MEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
29.dez.2022 - Lula com Daniela Carneiro, ministra do Turismo que é acusada de ligação com milicianos Imagem: FÁTIMA MEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Amanda Pupo, Eduardo Gayer, Eduardo Rodrigues, Iander Porcella e Débora Álvares

Brasília

06/01/2023 11h21Atualizada em 06/01/2023 13h20

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira, 6, a seus ministros que não deixará ninguém "no meio da estrada". A declaração, feita na primeira reunião ministerial do governo, vem no momento em que a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, está sob bombardeio de aliados e adversários por suas supostas relações com milicianos fluminenses. A cúpula do governo já faz uma operação abafa para proteger a ministra, que não deve cair neste momento.

Estarei apoiando cada um de vocês nos momentos bons e nos momentos ruins. Não deixarei nenhum de vocês no meio da estrada, não deixarei nenhum de vocês.
Lula no encontro com ministros

De acordo com Lula, os ministros foram chamados pela competência. "Vocês foram chamados porque têm competência, porque foram indicados pelas organizações políticas a que vocês pertencem, e eu respeito muito isso. Estejam certos de que vocês terão em mim, se possível um irmão mais velho, se possível um pai. Tratarei vocês como uma mãe trata os filhos, com muito respeito e educação, e exigindo muito trabalho de cada um de vocês", afirmou o presidente.

Na prática, porém, parte dos ministros foi indicada pelos próprios partidos em acordo para garantir governabilidade ao governo no Congresso. Indicado pela cota do União Brasil, o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil-MA), por exemplo, conheceu Lula apenas no dia em que foi anunciado.

O presidente também afirmou que irá montar um governo com "gente técnica" sem "criminalizar a política". Apontou, contudo, que se "algo grave" for cometido, haverá investigação perante a Justiça. O recado foi dado a ministros na abertura da primeira reunião ministerial de seu terceiro mandato.

Observando que poderá ter até o próximo dia 24 para completar a montagem do governo, o petista afirmou não ter vergonha de dizer que irá estruturar uma gestão com pessoas "muito competentes" oriundas da política. Disse, por outro lado, que será convidado a deixar a gestão da "forma mais educada possível" quem fizer algo "errado".

"Não faço distinção e não quero criminalizar a política. Nossa obrigação é fazer as coisas corretas e da melhor forma possível. Quem fizer errado, sabe que tem só um jeito, a pessoa será convidada a deixar o governo da forma mais educada possível. E se cometeu algo grave, a pessoa terá que se colocar diante das investigações e da própria Justiça", afirmou Lula.

O presidente também observou que nenhum de seus ministros já pode estruturar de forma completa suas pastas, tendo escolhido apenas os secretários-executivos e o chefes de gabinete. "Até o dia 24, quem sabe, já tenhamos o governo todo montado. Eu não tenho vergonha de dizer que vamos montar um governo com gente da política muito competente. Vamos montar um governo com gente técnica muito competente", afirmou aos ministros.