Escândalo de tráfico de influência derruba ministra italiana
ROMA, 31 MAR (ANSA) - A ministra do Desenvolvimento Econômico da Itália, Federica Guidi, renunciou ao cargo nesta quinta-feira (31), após ter sido flagrada em uma interceptação telefônica supostamente prometendo agir para favorecer as atividades empresariais de seu namorado, Gianluca Gemelli.
O grampo ocorreu no âmbito da investigação sobre a gestão ilícita de resíduos em uma unidade da estatal petrolífera ENI na província de Potenza, no sul do país, que já levou à prisão domiciliar de cinco pessoas.
Gemelli, dono de duas empresas do setor, é um dos imputados no inquérito. Segundo a Promotoria, ele cometeu tráfico de influência ao usar sua relação com a ministra para obter favores da petrolífera francesa Total. Para os investigadores, o empreendedor queria ser incluído na lista de prestadores de serviços da multinacional, o que lhe renderia subcontratos milionários.
Em troca, ele teria prometido a Giuseppe Cobianchi, dirigente da Total na Itália, convencer Guidi a inserir na Lei de Estabilidade de 2015 uma emenda que simplificasse a implantação do projeto Tempa Rossa, um grande depósito de petróleo também situado na província de Potenza.
O poço será explorado pelo grupo francês, que prevê produzir cerca de 50 mil barris por dia. "Vamos incluir no Senado, se estiver de acordo também a Maria Elena [Boschi, ministra para as Relações com o Parlamento], aquela emenda que me fizeram tirar naquela noite. Se conseguirmos desbloquear Tempa Rossa, do outro lado tudo se moverá", disse Guidi em uma conversa telefônica com Gemelli interceptada pela justiça.
Questionada pelo namorado se o artigo se referia à multinacional francesa, ela respondeu: "Sim, por isso te disse". Em seguida, o empresário ligou para Cobianchi, da Total, e afirmou: "Te ligo para dar a boa notícia. Lembra que um tempo atrás houve aquela confusão e tiraram uma emenda? Parece que hoje conseguem inseri-la novamente no Senado. Acho que há um acordo com Boschi e os colegas. Está tudo desbloqueado".
Inicialmente, Guidi havia tentado colocar a emenda em um projeto anterior, chamado "Desbloqueia Itália", mas sem sucesso. Em dezembro de 2014, a ministra propôs incluí-la na Lei de Estabilidade de 2015 e contou com a anuência do governo e de Maria Elena Boschi, responsável pela pasta de Relações com o Parlamento. Desta vez, a tentativa foi bem sucedida.
Os grampos foram revelados nesta quinta-feira, e, pressionada a se demitir pela oposição, a ministra do Desenvolvimento Econômico apresentou sua renúncia em uma carta ao premier Matteo Renzi. "Caro Matteo, estou absolutamente certa da minha boa fé e da lisura das minhas ações. No entanto, acho necessário, por uma questão de oportunidade política, renunciar ao cargo de ministra. Foram dois anos esplêndidos de trabalho juntos.
Continuarei como cidadã e como empreendedora a trabalhar pelo bem do nosso maravilhoso país", escreveu.
Renzi, que está em viagem oficial aos Estados Unidos, ainda não comentou o caso. Federica Guidi, de 46 anos, não pertence a nenhum partido e integrava o governo desde fevereiro de 2014, quando o primeiro-ministro assumiu o poder. Antes de entrar para a vida pública, trabalhou nas empresas da família e foi vice-presidente da Confederação Geral da Indústria Italiana (Confindustria). (ANSA)Veja mais notícias, fotos e vídeos em www.ansabrasil.com.br.
O grampo ocorreu no âmbito da investigação sobre a gestão ilícita de resíduos em uma unidade da estatal petrolífera ENI na província de Potenza, no sul do país, que já levou à prisão domiciliar de cinco pessoas.
Gemelli, dono de duas empresas do setor, é um dos imputados no inquérito. Segundo a Promotoria, ele cometeu tráfico de influência ao usar sua relação com a ministra para obter favores da petrolífera francesa Total. Para os investigadores, o empreendedor queria ser incluído na lista de prestadores de serviços da multinacional, o que lhe renderia subcontratos milionários.
Em troca, ele teria prometido a Giuseppe Cobianchi, dirigente da Total na Itália, convencer Guidi a inserir na Lei de Estabilidade de 2015 uma emenda que simplificasse a implantação do projeto Tempa Rossa, um grande depósito de petróleo também situado na província de Potenza.
O poço será explorado pelo grupo francês, que prevê produzir cerca de 50 mil barris por dia. "Vamos incluir no Senado, se estiver de acordo também a Maria Elena [Boschi, ministra para as Relações com o Parlamento], aquela emenda que me fizeram tirar naquela noite. Se conseguirmos desbloquear Tempa Rossa, do outro lado tudo se moverá", disse Guidi em uma conversa telefônica com Gemelli interceptada pela justiça.
Questionada pelo namorado se o artigo se referia à multinacional francesa, ela respondeu: "Sim, por isso te disse". Em seguida, o empresário ligou para Cobianchi, da Total, e afirmou: "Te ligo para dar a boa notícia. Lembra que um tempo atrás houve aquela confusão e tiraram uma emenda? Parece que hoje conseguem inseri-la novamente no Senado. Acho que há um acordo com Boschi e os colegas. Está tudo desbloqueado".
Inicialmente, Guidi havia tentado colocar a emenda em um projeto anterior, chamado "Desbloqueia Itália", mas sem sucesso. Em dezembro de 2014, a ministra propôs incluí-la na Lei de Estabilidade de 2015 e contou com a anuência do governo e de Maria Elena Boschi, responsável pela pasta de Relações com o Parlamento. Desta vez, a tentativa foi bem sucedida.
Os grampos foram revelados nesta quinta-feira, e, pressionada a se demitir pela oposição, a ministra do Desenvolvimento Econômico apresentou sua renúncia em uma carta ao premier Matteo Renzi. "Caro Matteo, estou absolutamente certa da minha boa fé e da lisura das minhas ações. No entanto, acho necessário, por uma questão de oportunidade política, renunciar ao cargo de ministra. Foram dois anos esplêndidos de trabalho juntos.
Continuarei como cidadã e como empreendedora a trabalhar pelo bem do nosso maravilhoso país", escreveu.
Renzi, que está em viagem oficial aos Estados Unidos, ainda não comentou o caso. Federica Guidi, de 46 anos, não pertence a nenhum partido e integrava o governo desde fevereiro de 2014, quando o primeiro-ministro assumiu o poder. Antes de entrar para a vida pública, trabalhou nas empresas da família e foi vice-presidente da Confederação Geral da Indústria Italiana (Confindustria). (ANSA)
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