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Candidato de Berlusconi desiste de eleições em Roma

28/04/2016 19h26

ROMA, 28 ABR (ANSA) - Faltando pouco mais de um mês para o primeiro turno das eleições municipais na Itália, Guido Bertolaso, candidato de Silvio Berlusconi à Prefeitura da capital e maior cidade do país, Roma, decidiu abandonar a disputa.   

Médico e ex-chefe da Proteção Civil, ele havia sido escolhido em fevereiro passado para representar uma ampla aliança da direita e derrotar o centro-esquerdista Partido Democrático (PD), do primeiro-ministro Matteo Renzi. No entanto, logo depois, perdeu o apoio dos extremistas Irmãos da Itália (FDI) e Liga Norte devido a algumas posições "moderadas".   

Com isso, restou ao seu lado apenas o Força Itália (FI), de Berlusconi, que vinha resistindo às pressões dos ex-aliados para abandonar a candidatura de Bertolaso e apoiar Giorgia Meloni, que preside o FDI e decidiu entrar na disputa após ouvir do ex-primeiro-ministro e do médico que não poderia concorrer porque está grávida.   

No entanto, ao invés de sustentar Meloni, o FI decidiu apoiar a candidatura independente do empreendedor Alfio Marchini, que já disputou as eleições municipais em Roma em 2013, ficando em quarto lugar, com 9,5% dos votos. "O nosso objetivo é vencer para dar aos romanos um governo à altura da capital da Itália.   

Percebemos que, para vencer, precisamos de uma proposta unitária das forças moderadas e liberais, uma resposta fora da lógica dos partidos", diz uma nota do Força Itália.   

A briga na "cidade eterna" está bastante embaralhada, com as pesquisas apontando uma disputa entre Roberto Giachetti (PD), Virginia Raggi (Movimento 5 Estrelas), Meloni e Marchini pelas duas vagas no segundo turno. Já Bertolaso tinha menos de 10% das intenções de voto.   

Até aqui, Raggi e Giachetti são os favoritos, com 28% a 31% e 23% a 26% da preferência, respectivamente, segundo uma sondagem de dois dias atrás divulgada pelo instituto Ixè. Já Meloni aparece com 19% a 22%, enquanto Marchini tem de 12% a 15%. Com a saída de cena de Bertolaso, o conservador Berlusconi foi acusado pela Liga Norte de atender a pedidos de Renzi, líder do PD, para dividir a direita em Roma e aumentar as chances da centro-esquerda.   

"Renzi chama e Berlusconi responde. Continua a incrível dança do FI", declarou Matteo Salvini, secretário-geral da legenda extremista. Meloni, do FDI, seguiu no mesmo tom. "Estamos contentes com a simplificação do quadro político em Roma. Agora esperamos mais uma simplificação, com a adesão direta e aberta de Alfio Marchini e do Força Itália ao candidato do PD e de Renzi, Roberto Giachetti", disse.   

Por sua vez, Giachetti e Raggi partiram ao ataque contra Marchini por ele aceitar o apoio de uma das siglas mais tradicionais do país, embora seu slogan seja "livre dos partidos". Marcadas para 5 de junho, as eleições na capital italiana são consideradas cruciais para o primeiro-ministro Renzi, que tenta manter a cidade nas mãos de seu partido após a queda de seu correligionário Ignazio Marino.   

Por outro lado, Raggi pode levar o M5S à maior vitória de sua curta história, justamente no ano em que o movimento perdeu seu ideólogo, Gianroberto Casaleggio. O partido é caracterizado por sua postura eurocética, antipolítica e contrária às legendas tradicionais e também por submeter decisões importantes a votações na internet. Seu líder é o humorista Beppe Grillo.   

Já uma vitória de Meloni levaria a extrema-direita ao comando da maior cidade da Itália, justamente em um momento em que o país enfrenta um intenso debate sobre o acolhimento a solicitantes de refúgio. Por fim, um triunfo de Marchini daria a Berlusconi uma sobrevida na política italiana e estancaria a desidratação que vem sofrendo nos últimos anos devido aos seus incontáveis problemas judiciais. (ANSA)
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