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Nova legislatura na Itália começa com crise entre vencedores

23/03/2018 21h07

ROMA, 23 MAR (ANSA) - O partido Força Itália (FI), presidido por Silvio Berlusconi, anunciou nesta sexta-feira (23) o rompimento da coalizão conservadora com o partido ultranacionalista Liga Norte, vencedora das eleições de 4 de março, com 37% dos votos.   

O ex-primeiro-ministro se irritou com a decisão unilateral da Liga de apoiar Anna Maria Bernini, que pertence ao FI, para a presidência do Senado - o partido moderado defende a candidatura de Paolo Romani.   

"Os votos no Senado a Anna Maria Bernini, utilizada instrumentalmente, são um ato de hostilidade da Liga que, por um lado, rompe a união da coalizão de centro-direita, e, por outro, desmascara o projeto para um governo com o M5S", diz uma nota do Força Itália.   

Poucos minutos antes, o secretário federal da Liga, Matteo Salvini, havia anunciado o apoio da legenda a Bernini, já que o antissistema Movimento 5 Estrelas se recusava a votar em Romani no Senado por ele ser "ficha suja" - o aliado de Berlusconi já foi condenado por peculato.   

A opção por Bernini era uma forma de romper a resistência do M5S, após o acordo costurado nos últimos dias para a sigla antissistema ficar com a presidência da Câmara e a coalizão de direita obter o comando do Senado.   

"Para sair do pântano, a Liga fez um gesto de responsabilidade.   

Não pedimos nada para nós, mas escolhemos votar em um candidato de centro-direita, do Força Itália. Um ato de amor em relação ao Parlamento e à centro-direita", afirmou Salvini.   

De fato, o líder do M5S, Luigi Di Maio, garantiu que está disponível a votar em Bernini no Senado, mas a parlamentar foi convocada para uma reunião com Berlusconi durante a noite e saiu do encontro se recusando a assumir o comando da Câmara Alta. "É evidente que estou indisponível a ser candidata dos outros sem o apoio do presidente Berlusconi e de meu partido", declarou.   

Até o momento, a Liga não indicou uma alternativa, enquanto o FI segue mantendo o nome de Romani na disputa. Já o M5S candidatou Riccardo Fraccaro, "braço-direito" de Di Maio, para a presidência da Câmara dos Deputados.   

Escrutínio - Após a abertura dos trabalhos da nova legislatura, a Câmara já realizou três votações para eleger seu presidente, mas nenhum candidato conseguiu atingir o patamar mínimo de dois terços dos votos. Do quarto escrutínio em diante, será exigida maioria absoluta.   

Já no Senado foram feitas duas votações, quando era necessária maioria absoluta para definir um vencedor. O mesmo patamar se manterá no terceiro escrutínio, e, se não houver ganhador, os dois candidatos mais bem posicionados disputarão uma quarta votação.   

Os escrutínios serão retomados neste sábado (24). Se a Liga chegar a um acordo com o M5S, os dois partidos não precisarão dos votos do Força Itália para eleger seus candidatos, o que pode abrir caminho para formar um novo governo. (ANSA)
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