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MP abre novo inquérito sobre avalanche em hotel na Itália

28/12/2018 12h40

PESCARA, 28 DEZ (ANSA) - O Ministério Público de Pescara, no centro da Itália, abriu um novo inquérito sobre a avalanche que destruiu o hotel Rigopiano, em 18 de janeiro de 2017. A tragédia, ocorrida em meio a uma série de terremotos no país, deixou 29 pessoas mortas.   

A investigação mira em sete funcionários da Província de Pescara suspeitos de fraude em processo penal e obstrução de Justiça.   

Eles teriam tentado ocultar o registro de chamadas do dia da avalanche para esconder um pedido de socorro feito às 11h38 da manhã por Gabriele D'Angelo, garçom do hotel e morto na tragédia.   

Entre os investigados estão o ex-chefe da Província de Pescara Francesco Provolo e outros seis dirigentes provinciais. O Ministério Público já apura essa suspeita há cerca de um ano, mas emitiu apenas neste mês as notificações contra os investigados.   

Acredita-se que D'Angelo tenha ligado ao centro de socorro para pedir a evacuação do hotel em função dos terremotos que haviam atingido a região naquela manhã. O resgate, no entanto, nunca chegou, e o Rigopiano acabou destruído por uma avalanche no fim da tarde.   

Em uma gravação telefônica de 18h09 de 18 de janeiro de 2017 e obtida pela Justiça, um policial relata a Daniela Acquaviva, funcionária da Província de Pescara que é um dos alvos do inquérito, ter recebido uma chamada de Quintino Marcella, patrão de Giampiero Parete, que escapara do deslizamento porque estava do lado de fora do hotel.   

"Recebi um telefonema de um tal Quintino Marcella, que me disse que um cozinheiro que ele conhece está no hotel Rigopiano", afirmou o policial, antes de ser interrompido por Acquaviva. "O [caso do] hotel Rigopiano já foi feito nesta manhã. Havia problemas, mas eles foram alcançados e está tudo certo", disse a funcionária, mencionando algo que nunca ocorreu.   

Em outro inquérito, este já em fase final, 24 pessoas e uma empresa devem responder pelos crimes de desastre, lesões e homicídios culposos, falsidade ideológica, construção abusiva, prevaricação, abuso de poder e delitos ambientais.   

O Ministério Público atribui a essas pessoas a construção de um hotel em uma zona de elevado risco de avalanche, perigo que não levantou objeções por parte de vários órgãos municipais e regionais. Além disso, os procuradores dizem que o Rigopiano devia permanecer fechado no inverno.   

O hotel ficava na cidade de Farindola, na Cordilheira dos Apeninos, e foi completamente destruído. Os hóspedes e funcionários que faleceram na avalanche estavam apenas aguardando o envio de um caminhão limpa-neve para ir embora, após uma série de terremotos na região.   

O processo também deve avaliar possíveis atrasos na ativação do resgate.   

Cronologia - O resgate dos nove sobreviventes - outros dois haviam escapado porque estavam fora do hotel - e dos 29 corpos no Rigopiano durou vários dias, mas a tragédia se consumou em poucos segundos.   

Em 18 de janeiro, a região de Abruzzo, no centro da Itália, sofria com uma violenta tempestade de neve e terremotos em sequência - a área do hotel fora sacudida por três sismos de magnitudes superiores a 5.0 na escala Richter. Os hóspedes do Rigopiano, completamente isolados pelas nevascas, queriam ir embora, enquanto o proprietário, Roberto Del Rosso, enviava repetidas solicitações de socorro.   

Entre 16h30 e 16h50, uma avalanche atingiu em cheio a estrutura e a arrastou por vários metros. Às 17h08, o hóspede Giampiero Parete, que fora a seu carro buscar um remédio para a esposa, avisou o 118 (serviço de emergência italiano) sobre a avalanche e a destruição do hotel.   

Às 17h10, a província de Pescara telefonou ao Rigopiano, mas ninguém atendeu. Meia hora depois, uma servidora conseguiu falar com o diretor do hotel, Bruno Di Tommaso, que estava em Pescara e disse não saber de nada. Às 18h03, Parete telefonou para seu chefe, Quintino Marcella, que fez várias chamadas aos serviços de socorro.   

Às 18h08 e 18h20, Marcella falou com Daniela Acquaviva, mas, nos dois casos, ouviu que a notícia sobre a avalanche era um "alarme falso". A Proteção Civil só acreditou na história do deslizamento às 18h57, quase duas horas depois do primeiro telefonema. Ainda assim, por causa do mau tempo, os primeiros socorristas chegaram ao hotel apenas às 4h25 de 19 de janeiro.   

(ANSA)
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