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É golpe? Quem é o presidente da Venezuela? Entenda a crise

24/01/2019 08h16

SÃO PAULO, 24 JAN (ANSA) - Por Beatriz Farrugia - O dia 23 de janeiro era uma data simbólica na Venezuela comemorada desde 1958, quando um golpe de Estado colocou fim à ditadura do general Marcos Pérez Jiménez.   

Após 61 anos, a data ganhou um novo desfecho. Ontem (23), o deputado opositor Juan Guaidó, líder da Assembleia Nacional da Venezuela, se autoproclamou novo presidente do país, no lugar de Nicolás Maduro.   

Mais uma vez, o 23 de janeiro entrou para a história na Venezuela e dividiu opiniões.   

De um lado, apoiadores de Maduro e as Forças Armadas venezuelanas acusam Guaidó de dar um golpe no governo. Maduro, que tomou posse em 10 de janeiro para seu segundo mandato de seis anos, recebe apoio de México, Bolívia, Cuba, Turquia e Rússia.   

Já o deputado opositor Juan Guaidó se apega a dois artigos da Constituição, o 233 e o 333, que autorizam o Legislativo a exercer funções quando o cargo da Presidência está vago.   

Guaidó, que como líder do Congresso local seria o terceiro na linha de sucessão ao poder, após o presidente e o vice-presidente, considera o governo vago pelo fato das eleições de 2018 que elegeram Maduro terem sido contestadas e não reconhecidas nem pela oposição local nem por vários países e entidades, como a União Europeia e a Organização dos Estados Americanos (OEA).   

Na prática, Maduro ainda continua como presidente, com o apoio das Forças Armadas, mas está cada vez mais isolado e fraco no ambiente internacional. Guaidó, por sua vez, é o presidente reconhecido por Brasil, Estados Unidos, União Europeia, Argentina, Chile, Paraguai, Canadá, Peru, Equador, Costa Rica e Guatemala, além de ter apoio popular de milhares de venezuelanos, que ontem saíram às ruas para protestar contra Maduro. O deputado, no entanto, não controla o Exército, o que pode prejudicar sua estratégia de assumir o poder e acabar elevando a violência no país.   

O futuro político da Venezuela é incerto e vários cenários são possíveis, dependendo da decisão de Maduro: se ele continua no poder, mesmo enfraquecido, e aumenta a violência contra a oposição, ou se ele busca exílio no exterior e abre mão da Presidência, deixando Guaidó no posto. De qualquer maneira, a situação cria um imbróglio político, com risco de impacto internacional, já que os países se dividiram entre Maduro e Guaidó. A Venezuela entrou nesta quinta-feira (24) no terceiro dia consecutivo de protestos e já acumula 14 mortos e 218 prisões. O país vive uma grave crise sócia, política e econômica, com milhares de venezuelanos vivendo na miséria e passando fome devido à escassez de alimentos e suprimentos. (ANSA)
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