Papa Francisco chama uigures de 'perseguidos' pela 1ª vez; China rebate
Pela primeira vez, o papa Francisco chamou a minoria muçulmana uigur que vive em Xinjiang, na China, de "povo perseguido" e a citação causou críticas do governo chinês.
A afirmação foi antecipada pela agência católica asiática UCA News e está no livro "Ritorniamo a Sognare. La strada verso un futuro migliore" ("Voltemos a sonhar. O caminho para um futuro melhor", em tradução livre), que será publicado no dia 1º de dezembro na Itália. A obra foi escrita pelo Pontífice com o jornalista Austen Ivereigh.
Há anos, grupos de defesa de direitos humanos pedem para que o líder católico se manifeste sobre as inúmeras denúncias contra a China na questão dos uigures. Diversos são os organismos internacionais e as ONGs que denunciam a morte e a violência usada por autoridades contra a minoria muçulmana, ao menos, desde 2013.
No capítulo dedicado aos temas ligados aos povos cristãos perseguidos em países islâmicos, Francisco também cita aqueles que são punidos por outras religiões. "Penso muito nos povos perseguidos: os rohingyas, os pobres uigures e os yazidis" , diz um trecho da publicação, citando a perseguição dos rohingyas em Myanmar e dos yazidis pelos membros do grupo terrorista Estado Islâmico na Síria e no Iraque.
Recentemente, diversos países - incluindo os que fazem parte da União Europeia e os Estados Unidos - cobraram informações formais de Pequim sobre os polêmicos centros de reeducação instalados em Xinjiang. Enquanto as entidades acusam os chineses de maus-tratos e dos locais serem centros de doutrinação e tortura, o governo afirma que os locais são pontos de ensino e educação - formal e profissional.
Após a notícia ser publicada pela mídia, um dos porta-vozes do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, afirmou que as falas são "totalmente infundadas". Segundo Zhao, durante a tradicional coletiva de imprensa diária, o governo "sempre protegeu os direitos das minorias étnicas em conformidade com a lei".
A China e o Vaticano cortaram suas relações diplomáticas em 1951 após a Santa Sé reconhecer a independência do território de Taiwan. Porém, nos últimos anos, tanto Francisco como seu antecessor, Bento XVI, negociam uma reaproximação entre os dois países - mas no âmbito religioso. Em outubro, por exemplo, foi renovado um acordo firmado em 2018 em que a Igreja Católica pode nomear seus bispos e arcebispos na China.
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