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Itália acha variante de coronavírus 'irmã' de mutação britânica

Estudo mostrou que tanto a variante italiana (N501T) como a britânica (N501Y) apresentam um mutação da proteína Spike na posição N501 - Callaghan O"Hare/Reuters
Estudo mostrou que tanto a variante italiana (N501T) como a britânica (N501Y) apresentam um mutação da proteína Spike na posição N501 Imagem: Callaghan O'Hare/Reuters

14/01/2021 13h16Atualizada em 14/01/2021 13h24

MILÃO, 14 JAN (ANSA) - Um estudo italiano publicado na revista "The Lancet" nesta quarta-feira (13) mostrou que a variante do coronavírus Sars-CoV-2 isolada na cidade de Brescia, em agosto de 2020, tem o mesmo antecessor da mutação britânica, mas uma estrada evolutiva diferente a partir de março do mesmo ano.

A pesquisa genética foi liderada pelo presidente da Sociedade Italiana de Virologia, Arnaldo Caruso, que também é professor de microbiologia na Universidade de Brescia, e pelo diretor de estatística médica e epidemiologia molecular da Universidade Campus Biomédico de Roma, Massimo Ciccozzi.

O estudo mostrou que tanto a variante italiana (N501T) como a britânica (N501Y) apresentam um mutação da proteína Spike na posição N501. Mas, enquanto a mutação detectada no Reino Unido substitui o aminoácido original com uma tirosina, a cepa italiana o trocou por uma treonina - outro tipo de aminoácido.

"Por esses dias, estamos completando um estudo que nos permitirá ver o que muda na estrutura 3D da proteína Spike, uma informação importante também para entender se haverá consequências na eficácia das vacinas", explica Ciccozzi.

Para saber se também a variante italiana tem uma maior capacidade de contágio, como acontece com a cepa britânica e a sul-africana, ainda será preciso esperar até o fim de janeiro, quando serão concluídos os testes de laboratórios sobre as células.

"No momento, não sabemos quanto ela se difundiu na Itália ou se há outras variantes italianas em circulação porque no nosso país, diferente do Reino Unido e da África do Sul, não há um sistema nacional de vigilância baseado no sequenciamento do genoma viral", pontua ainda o especialista.

A mutação de Brescia só foi localizada graças as amostras que o grupo liderado por Caruso conseguiu obter de um paciente de 59 anos, que tinha uma infecção persistente pelo novo coronavírus: examinando o teste feito em agosto e depois um outro feito em novembro, apareceu que o vírus conseguiu fazer três mutações só naquele curto período de tempo.

"É plausível que os pacientes que mantenham o vírus no próprio corpo por períodos longos induzam mutações importantes, devido a forte pressão seletiva exercitada pelo sistema imunitário.

Também os pesquisadores que isolaram a variante na África do Sul está seguindo a mesma pista", finaliza Ciccozzi. (ANSA).