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Ex-presidente afegão se desculpa por fuga de Cabul após tomada do Talibã

30.jun.2018 - O ex-presidente afegão, Ashraf Ghani, durante coletiva em Cabul - Noorullah Shirzada/AFP
30.jun.2018 - O ex-presidente afegão, Ashraf Ghani, durante coletiva em Cabul Imagem: Noorullah Shirzada/AFP

Da Ansa

08/09/2021 11h42Atualizada em 08/09/2021 12h24

O ex-presidente do Afeganistão Ashraf Ghani divulgou hoje um comunicado em que se desculpa com o povo afegão por causa da situação do país e diz que sua fuga foi a única maneira de garantir a segurança dos cidadãos de Cabul.

O documento foi publicado no Twitter um dia depois de o Talibã ter anunciado seu novo governo no Afeganistão. "Eu devo ao povo afegão explicações por ter deixado Cabul abruptamente em 15 de agosto, após a inesperada entrada do Talibã na cidade", escreve Ghani, que está exilado nos Emirados Árabes Unidos.

No comunicado, o ex-presidente acrescenta que fugir da capital foi a "decisão mais difícil" de sua vida. "Mas acredito que era a única maneira de manter as armas em silêncio e salvar Cabul e seus 6 milhões de cidadãos. Nunca foi minha intenção abandonar o povo", diz.

Ghani ainda rebate as acusações de que teria saído do Afeganistão com "milhões de dólares" em dinheiro público e afirma que ele e sua esposa sempre foram "escrupulosos" com suas finanças pessoais. "Dou as boas-vindas a auditorias oficiais ou investigações financeiras sob o auspícios da ONU ou de outro órgão independente apropriado para provar a veracidade das minhas declarações aqui", salienta.

O ex-presidente ainda lamenta "profundamente" que sua gestão tenha terminado da mesma forma que as de seus antecessores, "sem garantir estabilidade e prosperidade" para o Afeganistão.

"Peço desculpas ao povo afegão por não ter feito terminar diferente. Meu compromisso com o povo afegão nunca cedeu e vai me guiar pelo resto da minha vida", conclui.

Ghani, 72 anos, presidiu o Afeganistão entre 29 de setembro de 2014 e 15 de agosto de 2021, mas nunca conseguiu criar um cenário estável o suficiente para evitar o retorno do Talibã ao poder após a retirada das tropas ocidentais.