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Papa volta a apoiar leis civis sobre união entre pessoas gays

Papa Francisco voltou a apoiar as leis civis que preveem a união de pessoas homossexuais durante a tradicional conversa com jornalistas no voo de volta a Roma da Eslováquia - Reuters
Papa Francisco voltou a apoiar as leis civis que preveem a união de pessoas homossexuais durante a tradicional conversa com jornalistas no voo de volta a Roma da Eslováquia Imagem: Reuters

15/09/2021 12h59Atualizada em 15/09/2021 13h36

O papa Francisco voltou a apoiar as leis civis que preveem a união de pessoas homossexuais durante a tradicional conversa com jornalistas no voo de volta a Roma da Eslováquia nesta quarta-feira (15). O líder católico encerrou a sua 34ª viagem internacional, que também contou com uma rápida passagem pela Hungria.

"O matrimônio é só entre um homem e uma mulher. É um sacramento e a Igreja não tem o poder de mudar os sacramentos. Mas, há leis que buscam civilmente ajudar tantas pessoas que tem uma orientação sexual diferente. É importante ajudar as pessoas, mas sem impor coisas que, por sua natureza, não podem na Igreja", ressaltou.

Citando o exemplo da França, que desde 1999 adota o chamado Pacto Civil de Solidariedade (Pacs), um contrato similar a união estável no Brasil, Francisco ressaltou que o documento é importante "mas não é um casamento homossexual: pode ser usado, mas matrimônio como sacramento é só entre homem e mulher".

Francisco adicionou que uma pessoa homossexual "quer conduzir uma vida com segurança" e que, por isso, os "Estados têm a possibilidade civil de sustentá-los, dar segurança sobre heranças, sobre a saúde".

"Os franceses têm um lei sobre isso, não apenas para os homossexuais, mas para todos as pessoas que querem se unir. Mas, o casamento é o casamento. Isso não quer dizer condenar as pessoas que são assim. Por favor, eles são irmãos e irmãs nosso e devemos acompanhá-los", pontuou.

"Mas, o matrimônio como sacramento é uma outra coisa. Que haja leis civis que querem fazer a associação para ter um serviço sanitário ou outras coisas dedicadas a eles, se faz essa coisa, como o Pacs francês", acrescentou ainda.

Segundo o líder católico, "às vezes, criam-se confusões", mas "precisamos respeitar a todos".

"O Senhor é bom e salvará a todos, isso podemos dizer em voz alta. Mas, por favor, não deve-se fazer que a Igreja renegue a sua verdade. Tantas pessoas de orientação sexual pedem o sacramento da confissão, vão pedir conselhos aos sacerdotes, a Igreja lhes ajuda a andar adiante na própria vida. Mas, o sacramento do matrimônio é entre homem e mulher", concluiu sobre o tema.

Essa não é a primeira vez que o líder da Igreja Católica defende que sejam criadas leis civis sobre a união de pessoas do mesmo sexo. Em outubro do ano passado, o documentário "Francesco" foi lançado no Festival de Roma e causou bastante reação dos setores conservadores da instituição religiosa.

Na produção, Jorge Mario Bergoglio afirmou que os "homossexuais têm o direito de ser parte de uma família" porque "são filhos de Deus". "Ninguém deve ser expulso, ou se tornar miserável por causa disso. O que é preciso é criar a lei de união civil, assim eles são protegidos legalmente. Eu apoio isso", ressaltou na obra.

A fala no documentário foi a primeira feita de maneira aberta por um Pontífice, mas não altera em nada a questão do sacramento do casamento. Por diversas veze durante seu Papado, o argentino reafirmou que a Igreja Católica não pode excluir gays e pessoas divorciadas da vida em comunidade, mas sim acolhê-los.

Aborto - Já sobre o aborto, o papa Francisco manteve a mesma linha de governança da Igreja Católica, classificando o ato como "um homicídio" e que é como "contratar um assassino para resolver um problema".

No entanto, ao ser questionado sobre a comunhão de políticos que defendem a possibilidade de escolha da mulher, o Pontífice afirmou que "os bispos devem agir como pastores: na história da Igreja, todas as vezes que os bispos geriram um problema não como pastores, eles entraram no campo político".

O questionamento ocorre após uma grande polêmica nos Estados Unidos, quando bispos do país queriam se negar a dar a comunhão para o presidente Joe Biden, um defensor do direito das mulheres de optarem pelo aborto seguro.

Segundo fontes vaticanas, o Papa chegou a enviar uma carta dizendo para que os bispos não negassem a comunhão por conta desse motivo a nenhum político norte-americano. A Igreja Católica dos EUA é considerada uma das mais ultraconservadoras do mundo.