Richard Gere vai testemunhar contra líder da extrema-direita na Itália
O ex-ministro do Interior da Itália e líder do partido de extrema-direita Liga, Matteo Salvini, afirmou hoje que o ator norte-americano Richard Gere será testemunha no processo em que é réu por sequestro de pessoas e prevaricação.
O caso refere-se a um fato ocorrido em agosto de 2019, quando era parte do governo como ministro, em que houve a proibição do desembarque de 147 migrantes que estavam no barco da ONG espanhola ProActiva Open Arms. A audiência está marcada para o dia 23 de outubro em Palermo.
"Richard Gere vai testemunhar contra mim. Eu o conheço como ator, mas não entendo que tipo de lição ele possa me dar, aos italianos e italianas sobre as nossas regras e as nossas leis. Se alguém quer transformar o processo em um espetáculo e quer ver o Richard Gere, que vá ao cinema, não ao tribunal", disse durante um evento em Assis.
Ironizando o fato, Salvini ainda disse que vai aproveitar "para pedir um autógrafo para levar para minha mãe".
Sobre sua defesa, o líder ultranacionalista diz que pediu a convocação de todos os membros do Gabinete do governo, à época formado pelo Movimento 5 Estrelas (M5S) e pela Liga, incluindo o ex-premiê Giuseppe Conte.
Ministro do Interior entre junho de 2018 e setembro de 2019, Salvini endureceu as políticas migratórias do país com a instituição de dois "Decretos de Imigração e Segurança", que ficaram conhecidos como "Decretos Salvini".
Entre as principais medidas, estavam a restrição de estadia na Itália por motivos humanitários, multas que chegavam a 1 milhão de euros para ONGs que navegassem sem permissão nas águas territoriais do país e prisão em flagrante de comandantes de embarcações que desafiassem as regras nacionais.
Os "Decretos Salvini" foram revogados logo após a Liga deixar a coalizão governista e que dava apoio ao então primeiro-ministro Conte.
Apesar da informação não ter sido confirmada pelo tribunal ou pela ONG, Gere foi uma das vozes internacionais contrárias a esses decretos.
O ator chegou a ir a um dos barcos que estavam impedidos de atracar na Itália - além da Open Arms, outras embarcações também foram bloqueadas - e criticou nominalmente Salvini.
À época, o então ministro mandou o ator "levar todas as pessoas a bordo e colocá-las em suas mansões".
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