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Vencedor do Nobel da Paz doará parte do prêmio a crianças com atrofia muscular

Jornalista russo Dmitry Muratov, do jornal Novaya Gazeta, em imagem de março de 2021; vencedor do prêmio Nobel da Paz 2021 - NATALIA KOLESNIKOVA/AFP
Jornalista russo Dmitry Muratov, do jornal Novaya Gazeta, em imagem de março de 2021; vencedor do prêmio Nobel da Paz 2021 Imagem: NATALIA KOLESNIKOVA/AFP

Da Ansa

08/10/2021 12h33Atualizada em 08/10/2021 12h34

O jornalista russo Dmitry Muratov, vencedor do Nobel da Paz em 2021 com a filipina Maria Ressa, anunciou que vai doar parte do prêmio para o tratamento de crianças com atrofia muscular espinhal (AME), doença genética rara que afeta a capacidade de locomoção, alimentação e respiração.

"É certo que esse prêmio vai apoiar as crianças com atrofia muscular espinhal e o jornalismo", declarou Muratov, cofundador do jornal Novaya Gazeta, maior veículo de imprensa independente na Rússia e que se notabilizou por reportagens investigativas contra as autoridades do país.

"Para o restante, a decisão caberá à direção editorial [do Novaya Gazeta]", acrescentou, de acordo com a agência independente Interfax. Muratov terá direito a 5 milhões de coroas suecas (R$ 3,15 milhões pela cotação atual), metade do prêmio total de 10 milhões de coroas (R$ 6,3 milhões).

"Esse mérito não é meu, é do Novaya Gazeta, daqueles que foram mortos defendendo o direito das pessoas à liberdade de expressão", acrescentou o jornalista à agência estatal Tass.

Segundo o Comitê Norueguês do Nobel, "o jornalismo baseado em fatos e a integridade profissional do Novaya Gazeta o tornaram uma importante fonte de informações sobre aspectos censuráveis da sociedade russa que raramente são mencionados por outros veículos".

Desde que o jornal foi lançado, seis de seus jornalistas já foram assassinados, incluindo Anna Politkovskaia, autora de reportagens investigativas sobre a guerra na Chechênia e cujo homicídio completou 15 anos no último dia 7 de outubro.

"Apesar dos assassinatos e das ameaças, o editor-chefe Muratov se recusou a abandonar a política de independência do jornal", justificou o comitê do Nobel da Paz.