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Guerra da Rússia-Ucrânia

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Maquiadora reconhece mulher morta em Bucha por design das unhas

Da ANSA, em São Paulo

07/04/2022 11h47

Uma maquiadora ucraniana reconheceu uma das vítimas civis encontradas nas ruas da cidade de Bucha devido ao design das unhas da mulher, impecavelmente feitas, revelou o jornal "The New York Times" nesta quarta-feira (6).

A localidade chamou a atenção do mundo durante o último fim de semana quando as tropas de Kiev retomaram o controle da cidade após semanas de ocupação russa. Nas imagens divulgadas, centenas de corpos de civis foram abandonados nas ruas e valas comuns foram encontradas em parques. A Ucrânia acusa Moscou de cometer crimes de guerra em Bucha, mas o Kremlin diz que suas tropas "nunca mataram nenhum civil no país".

Conforme as imagens foram sendo publicadas pela mídia e nas redes sociais ucranianas, a maquiadora Anastasiia Subacheva disse ao "NYT" que sentiu "como se seu coração começasse a quebrar" quando viu uma foto de uma mão com as unhas pintadas de vermelho.

"Uma mão que ela tinha visto muitas vezes segurando um pincel ou um batom, ou passando base ou sombra nos olhos durante suas lições de maquiagem", destacou o jornal. Tratava-se de Iryna Filkina, 52 anos, que trabalhava em uma empresa de calefação, mas que sonhava em se tornar popular e aumentar seus seguidores no Instagram.

Filkina procurou Subacheva em fevereiro, poucos dias antes da invasão começar, para ter aulas de maquiagem "para ficar mais bonita e na moda".

"Eu finalmente entendi a coisa mais importante: você precisa amar você mesma e viver por você. Finalmente, eu vou viver como eu quero", disse a maquiadora relembrando uma das conversas que teve com a cliente.

A profissional de maquiagem informou ao "NYT" que viveu por cerca de cinco anos em Bucha e que conhecia muitas das vítimas do massacre. Mas, com o início da guerra, ela fugiu com os familiares para Kropyvnytskyi.

A publicação norte-americana também entrou em contato com a filha de Irina, Olha Shchyruk, que contou que a mãe não dava mais sinais de vida há cerca de um mês até a revelação das fotos.

Shchyruk, que também fugiu nos primeiros dias de guerra, disse que soube por testemunhas em 6 de março que a mãe tinha sido morta um dia antes atingida por um tiro enquanto voltava de bicicleta do trabalho. Mesmo sem informações por um mês, ela revelou que ainda tinha esperanças de ver a Filkina viva.

"Eu entendo que isso era impossível porque ela não entrou em contato comigo por mais ou menos um mês. Mas, uma criança sempre vai estar esperando por sua mãe", relatou ao jornal.

No fim da sexta-feira (1º), Shchyruk informou que recebeu um vídeo da mãe dela caída no chão e a foto de sua mão. "Mesmo sem ela ter feito as unhas, eu teria reconhecido que era a minha mãe", acrescentou ao "NYT", informando que está tentando achar o corpo de Filkina para dar um enterro digno.