Zelensky diz que 'atrocidades russas' afastam conversas de paz
ROMA, 14 ABR (ANSA) - O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que as "atrocidades" cometidas pelas tropas russas em Mariupol, na periferia de Kiev, em Bucha e em Borodyanka "reduzem" a possibilidade de conversas de paz efetivas. As declarações foram dadas para a emissora britânica "BBC" publicada nesta quinta-feira (14).
Segundo o mandatário, as revelações de Bucha após a retomada do controle da cidade pelas tropas ucranianas "nos leva a ficar próximo da interrupção das negociações" de paz.
"Não se trata de mim, mas da Rússia. Não terão mais muitas possibilidades de conversar conosco", acrescentou.
A cidade de Bucha ficou ocupada por tropas russas por cerca de um mês e foi retomada por Kiev em 1º de abril. Desde então, imagens de centenas de corpos de civis mortos nas ruas ou enterrados em valas comuns chocaram o mundo.
Uma comitiva do Tribunal Penal Internacional foi à localidade e disse haver indícios de crimes de guerra, já que muitos corpos estavam com sinais de tortura.
Já sobre Mariupol, uma cidade portuária sitiada desde o início dos ataques em 24 de fevereiro e que foi 90% destruída, Zelensky reiterou a denúncia de que "além das dezenas de milhares de mortes, muitos desapareceram e foram levados para a Rússia, alguns em campos, outros para cidades".
Kiev denuncia que milhares de cidadãos foram forçados a ir para a Rússia para escapar da guerra e que eles perderam seus documentos ucranianos. Eles teriam sido enviados para cidades remotas, onde são obrigados a ficar por ao menos dois anos sem poder retornar para seu país natal.
O mandatário ainda confirmou à BBC que os ataques russos agora se concentram no sul e no leste do país, onde estão localizadas a península da Crimeia, anexada unilateralmente por Moscou em 2014, e as áreas separatistas de Donetsk e Lugansk, respectivamente.
"O fronte oriental está na situação mais difícil [...] e ali estão as nossas tropas mais potentes. Os Estados Unidos, o Reino Unido e alguns países europeus estão buscando nos ajudar e enviando ajuda. Mas, continuamos a ter necessidade disso ser mais veloz. A palavra-chave é agora", pontuou.
Na entrevista, Zelensky voltou a fazer críticas à Alemanha e também à Hungria. Conforme o mandatário, essas nações continuam a comprar petróleo russo com "dinheiro sujo de sangue de outras pessoas".
"Alguns dos nossos amigos e parceiros entenderam que agora é um momento diferente, que não é mais uma questão de negócios e dinheiro, mas sim uma questão de sobrevivência", acrescentou.
Nesta semana, apesar de negativas posteriores, Kiev negou que o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, visitasse o país por conta de ligações com a Rússia "nos últimos anos".
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