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Caso Assange: Suécia desiste de acusação por agressão sexual; ativista ainda é acusado de estupro

Julian Assange, em foto durante entrevista em 2014, afirmou que não irá deixar a Embaixada do Equador em Londres mesmo se todas as acusações de abuso sexual contra ele forem descartadas - John Stillwell/Reuters
Julian Assange, em foto durante entrevista em 2014, afirmou que não irá deixar a Embaixada do Equador em Londres mesmo se todas as acusações de abuso sexual contra ele forem descartadas Imagem: John Stillwell/Reuters

12/08/2015 17h36

O Ministério Público da Suécia irá arquivar a investigação de abuso sexual contra o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, por questões de prazo, segundo apurou a BBC.

Mas o jornalista e ativista australiano ainda responderá pela acusação - mais grave - de estupro.

Os promotores perderam o prazo para investigar Assange porque não conseguiram ouvi-lo.

Assange nega todas as acusações e afirma ser alvo de uma campanha de difamação.

O ativista buscou asilo na Embaixada do Equador em Londres em 2012, para evitar extradição para a Suécia.

Limite de tempo

Pela lei sueca, acusações não podem ir adiante sem que o suspeito seja ouvido.

Os promotores tem até 13 de agosto para ouvir Assange sobre uma acusação de abuso sexual e uma de coerção - outra acusação de abuso sexual prescreve em 18 de agosto.

A acusação de estupro, no entanto, não deverá prescrever antes de 2020.

O Ministério Público da Suécia deverá se pronunciar a respeito na manhã desta quinta-feira.

Assange sempre negou as acusações e afirma ter buscado asilo porque teme ser extraditado da Suécia aos EUA, onde seria julgado pela divulgação de documentos secretos americanos.

O ativista já afirmou que não deixará a embaixada mesmo se todas as acusações de abuso sexual contra ele forem descartadas.

A mulher que acusou Assange de abuso sexual e coerção --identificada no processo apenas como AA-- está aliviada com o desfecho do caso, segundo seu advogado.

"Ela queria que ele respondesse às acusações em um tribunal, mas já se passaram cinco anos e ela não quer ir ao tribunal agora", afirmou à BBC Claes Borgstrom, advogado da suposta vítima. "Ela quer deixar isso para trás. Foi um período difícil para ela, que agora quer esquecer tudo e tocar a vida."

Os promotores suecos inicialmente insistiram em ouvir Assange na Suécia, mas - sob pressão para avançar com o caso - concordaram neste ano em tentar interrogá-lo em Londres.

O governo sueco, contudo, não conseguiu negociar o acesso a Assange com autoridades equatorianas - e as duas partes se responsabilizaram mutuamente pelo impasse.

'Difícil e custoso'

Advogados de Assange afirmaram que as acusações de abuso sexual já deveriam ter sido descartadas há muito tempo.

"Não havia provas suficientes para manter a investigação", disse à BBC Thomas Olsson, um dos defensores suecos de Assange.

Olsson disse que Assange poderá agora limpar seu nome em relação à acusação de estupro.

"Acreditamos que tão logo ele tenha a oportunidade de dar sua versão das circunstâncias, não haverá necessidade de continuar a investigação."

A expectativa é de que a Suécia continue a negociar com o Equador as condições em que Assange poderia ser ouvido sobre a acusação ainda em curso.

O governo britânico instou o Equador a cooperar no caso, citando obrigação legal de extraditar Assange.

"Estamos certos de que nossas leis devem ser seguidas e que o sr. Assange deve ser extraditado", afirmou uma porta-voz da chancelaria britânica. "Mais do que nunca, contamos com o Equador para encerrar essa situação difícil e custosa."

O custo para o contribuinte britânico da manutenção da vigilância na Embaixada do Equador nos últimos três anos já chega a cerca de US$ 19 milhões (ou R$ 66 milhões, pelo câmbio mais recente).