Caso Assange: Suécia desiste de acusação por agressão sexual; ativista ainda é acusado de estupro
O Ministério Público da Suécia irá arquivar a investigação de abuso sexual contra o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, por questões de prazo, segundo apurou a BBC.
Mas o jornalista e ativista australiano ainda responderá pela acusação - mais grave - de estupro.
Os promotores perderam o prazo para investigar Assange porque não conseguiram ouvi-lo.
Assange nega todas as acusações e afirma ser alvo de uma campanha de difamação.
O ativista buscou asilo na Embaixada do Equador em Londres em 2012, para evitar extradição para a Suécia.
Limite de tempo
Pela lei sueca, acusações não podem ir adiante sem que o suspeito seja ouvido.
Os promotores tem até 13 de agosto para ouvir Assange sobre uma acusação de abuso sexual e uma de coerção - outra acusação de abuso sexual prescreve em 18 de agosto.
A acusação de estupro, no entanto, não deverá prescrever antes de 2020.
O Ministério Público da Suécia deverá se pronunciar a respeito na manhã desta quinta-feira.
Assange sempre negou as acusações e afirma ter buscado asilo porque teme ser extraditado da Suécia aos EUA, onde seria julgado pela divulgação de documentos secretos americanos.
O ativista já afirmou que não deixará a embaixada mesmo se todas as acusações de abuso sexual contra ele forem descartadas.
A mulher que acusou Assange de abuso sexual e coerção --identificada no processo apenas como AA-- está aliviada com o desfecho do caso, segundo seu advogado.
"Ela queria que ele respondesse às acusações em um tribunal, mas já se passaram cinco anos e ela não quer ir ao tribunal agora", afirmou à BBC Claes Borgstrom, advogado da suposta vítima. "Ela quer deixar isso para trás. Foi um período difícil para ela, que agora quer esquecer tudo e tocar a vida."
Os promotores suecos inicialmente insistiram em ouvir Assange na Suécia, mas - sob pressão para avançar com o caso - concordaram neste ano em tentar interrogá-lo em Londres.
O governo sueco, contudo, não conseguiu negociar o acesso a Assange com autoridades equatorianas - e as duas partes se responsabilizaram mutuamente pelo impasse.
'Difícil e custoso'
Advogados de Assange afirmaram que as acusações de abuso sexual já deveriam ter sido descartadas há muito tempo.
"Não havia provas suficientes para manter a investigação", disse à BBC Thomas Olsson, um dos defensores suecos de Assange.
Olsson disse que Assange poderá agora limpar seu nome em relação à acusação de estupro.
"Acreditamos que tão logo ele tenha a oportunidade de dar sua versão das circunstâncias, não haverá necessidade de continuar a investigação."
A expectativa é de que a Suécia continue a negociar com o Equador as condições em que Assange poderia ser ouvido sobre a acusação ainda em curso.
O governo britânico instou o Equador a cooperar no caso, citando obrigação legal de extraditar Assange.
"Estamos certos de que nossas leis devem ser seguidas e que o sr. Assange deve ser extraditado", afirmou uma porta-voz da chancelaria britânica. "Mais do que nunca, contamos com o Equador para encerrar essa situação difícil e custosa."
O custo para o contribuinte britânico da manutenção da vigilância na Embaixada do Equador nos últimos três anos já chega a cerca de US$ 19 milhões (ou R$ 66 milhões, pelo câmbio mais recente).
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