Bélgica 'importa' policiais marroquinos para conter radicalização
Policiais marroquinos atuarão em algumas cidades da Bélgica a partir do início de 2016 em uma nova estratégia do país europeu para tentar deter a radicalização de jovens e evitar que mais belgas se unam a grupos armados na Síria.
A Bélgica é um dos países europeus com mais cidadãos entre os grupos terroristas ativos na Síria e 90% deles é de origem marroquina, segundo o governo.
Para o ministro do Interior, Jan Jambon, os agentes de segurança belgas "nem sempre reagem da melhor maneira em intervenções" em bairros sensíveis, geralmente de maioria muçulmana, e isso se deve às diferenças culturais.
"A polícia marroquina tem uma maneira muito diferente de abordar a radicalização e o doutrinamento, que visivelmente dá resultados. Nesse campo, sempre temos coisas a aprender", afirmou Jambon esta semana, ao anunciar o projeto de intercâmbio policial assinado com o Marrocos - onde parte da população fala francês - uma das línguas oficiais da Bélgica.
Os policiais estrangeiros serão destinados inicialmente às quatro principais cidades de origem de muçulmanos belgas que integram grupos terroristas ativos na Síria: a capital Bruxelas, Vilvorde, Verviers e Antuérpia.
Foi em Antuérpia que Brian de Mulder - filho de uma brasileira que desde janeiro de 2013 engrossa as filas dos extremistas do grupo autodenominado "Estado Islâmico" na Síria - se converteu à religião muçulmana e se radicalizou depois de entrar em contato com o grupo islâmico Sharia4Belgium.
Intercâmbio
Como parte do programa de intercâmbio, policiais belgas também serão enviados ao Marrocos para "adquirir experiência com comunidades de maioria muçulmana", disse à BBC Brasil a porta-voz do ministério do Interior, Anne-Laure Mouligneaux.
"Esse intercâmbio permitirá trocar ideias sobre melhores táticas e práticas profissionais, mas também ajudará a reforçar os laços entre os policiais belgas e seus colegas marroquinos."
Mouligneaux observa que as forças de segurança belgas têm uma grande dependência do intercâmbio de informações com o Marrocos, país utilizado como ponto de partida para muitos combatentes estrangeiros com destino à Síria.
"Muitos têm dupla nacionalidade (belga e marroquina) e usam isso para escapar do controle das autoridades belgas. Vão, oficialmente, visitar a família no Marrocos, mas de lá partem para a Síria. Por isso é importante que a informação circule (entre Bélgica e Marrocos)", explicou.
São as autoridades dos municípios que participam do programa que decidirão quantos agentes farão o intercâmbio, por quanto tempo e a quais atividades específicas se dedicarão.
À BBC Brasil, as polícias municipais das quatro cidades informaram que esses aspectos serão decididos nos próximos meses.
Os ministérios belgas do Interior e de Justiça estimam que mais de 820 residentes no país são islamistas radicais e consideram prioritário evitar que essas pessoas derivem para o extremismo.
A Bélgica foi palco de um atentado que deixou quatro mortos no Museu Judeu de Bruxelas, em maio de 2014, e desarticulou outro projeto de atentado em janeiro passado.
Como ponto em comum, os suspeitos em ambos casos teriam passado uma temporada na Síria.
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