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Em enquete 'bombada' por movimentos pró-impeachment, Dilma é eleita 'líder mais decepcionante do mundo'

Enquete foi aberta pela revista por uma semana, e Dilma teve 374 mil votos, mais do que 20 vezes a votação do segundo colocado - Reprodução/Fortune
Enquete foi aberta pela revista por uma semana, e Dilma teve 374 mil votos, mais do que 20 vezes a votação do segundo colocado Imagem: Reprodução/Fortune

08/04/2016 07h35

A presidente Dilma Rousseff é a "líder mais decepcionante" do mundo, segundo uma enquete online promovida pela revista de negócios americana "Fortune".

Aberta no último dia 30, a votação foi divulgada por movimentos pró-impeachment no Brasil, o que pode ter influenciado o resultado. Na página do MBL (Movimento Brasil Livre) no Facebook, por exemplo, links para a enquete tiveram mais de 10 mil compartilhamentos.

A BBC Brasil procurou a revista para verificar a distribuição dos acessos à enquete por país e os critérios de organização da votação (se há controle sobre quantas vezes uma pessoa pode votar, por exemplo), mas não havia obtido resposta até a publicação desta reportagem.

Dilma na BBC - Reprodução - Reprodução
Enquete de revista teve ampla divulgação em plataformas anti-governo, como a do Movimento Brasil Livre
Imagem: Reprodução

Segundo a publicação, Dilma teve 374 mil votos, superando em mais de 20 vezes a votação do segundo colocado, o governador do Estado americano de Michigan, Rick Snyder, que alcançou 17 mil.

"Após apenas cinco anos no cargo, Dilma Rousseff passou de promissora sucessora do presidente mais popular do país a líder mais decepcionante do mundo", diz a publicação.

Os terceiros colocados foram os dirigentes afastados da Fifa Joseph Blatter e Michel Platini, suspeitos em um escândalo internacional de corrupção na entidade que gerencia o futebol no mundo.

"O escândalo de corrupção na Petrobras parece ser o que deixou os brasileiros mais desapontados. Embora não haja prova de seu envolvimento, a relação próxima com Lula e sua posição como presidente do Conselho de Administração da estatal durante a maior parte do escândalo deixaram muitos em dúvidas sobre suas negativas de participação nos desvios", afirma a "Fortune".

A publicação selecionou 19 líderes para a votação. Além de Dilma, há apenas outros três políticos, todos americanos.

Os demais integrantes do ranking liderado por Dilma são executivos de grandes instituições e empresas, citados por problemas e fracassos de gestão. Um deles é Martin Winterkorn, ex-chefe da Volkswagen, que deixou o cargo após a revelação de fraudes em testes de emissões de poluentes em veículos da multinacional alemã.

"Esperava-se que Dilma continuasse continuasse o trabalho de seu antecessor e mentor, Luiz Inácio Lula da Silva, que era o campeão da classe operária. Em vez disso, também se tornou conhecida por suposta má gestão das contas do governo e acusações de envolvimento de sua campanha com um dos maiores escândalos de corrupção de todos os tempos", escreve a revista.

Moro como 'grande líder'

No mês passado, a mesma "Fortune" citou o juiz Sérgio Moro, responsável pela condução das investigações da Operação Lava Jato, como um dos principais "líderes" capazes de mudar o mundo.

Moro ficou em 13º lugar na lista dos "50 maiores líderes mundiais". Diferentemente da enquete sobre os líderes decepcionantes, o ranking é produzido pela própria equipe da publicação.

"Um fotogênico juiz federal de 42 anos é o principal protagonista da versão brasileira dos 'Intocáveis' da vida real", escreveu a revista, em referência à história do gangsterismo nos EUA nos anos 1930.

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