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Abaixo-assinado recordista pode ter sido 'sequestrado' por defensores de permanência na EU

26/06/2016 13h30

Um comitê do Parlamento britânico está investigando denúncias de fraude no abaixo-assinado eletrônico que pede a realização de um segundo referendo sobre a União Europeia.

As autoridades estão analisando a presença de nomes falsos no documento, que já reuniu mais de 3 milhões de assinaturas desde que viralizou nas redes sociais. Segundo o Comitê de Petições, 77 mil assinaturas já foram removidas do abaixo-assinado.

Apesar da popularidade do documento, o governo britânico já avisou que não haverá uma segunda consulta popular.

No plebiscito, realizado na quinta-feira, 52% dos britânicos votaram pela saída do país da União Europeia.

O que está chamando mais a atenção, porém, é o fato de a petição ser obra de um eurocético.

Em um post no Facebook, Oliver Healey, ativista do Democratas Ingleses, um pequeno partido britânico que sequer tem representação parlamentar, mas que apoiou a campanha do "não" à UE, disse ter criado o abaixo-assinado por temer que os britânicos votassem pela permanência no bloco.

"Iniciei a petição quando parecia que perderíamos o plebiscito. Queria tornar difícil que continuássemos acorrentados à UE", escreveu o ativista.

Healey acusou os partidários da permanência na UE de "sequestrarem" o documento.

Pontos de vista

Helen Jones, do Comitê de Petições, afirmou que as autoridades estão levando as denúncias de fraude a sério.

"As pessoas que estão usando nomes falsos precisam saber que estão prejudicando a causa", disse Jones.

De acordo com a legislação britânica, petições on-line que passarem de 100 mil assinaturas têm de ser analisadas pelo comitê e podem ser debatidas no parlamento.

A petição sobre o referendo recebeu um recorde de assinaturas e o tráfego derrubou algumas vezes o site do Parlamento britânico.

Segundo um porta-voz da casa, o documento foi criado em 24 de maio, mas já tinha 22 assinaturas no momento em que os resultados do plebiscito foram anunciados, na manhã da última sexta-feira.

O abaixo-assinado pede que o governo crie leis exigindo comparecimento às urnas de pelo 75% do eleitorado para que o resultado da consulta sobre a UE seja considerada válida - o comparecimento foi de 72%, mais do que os 66% de eleitores registrados que votaram nas eleições-gerais do ano passado.

No entanto, segundo o correspondente político da BBC Iain Watson, a petição não pode ser aceita porque pede legislação retroativa - o percentual de comparecimento teria que constar nas regras antes da realização do plebiscito.