81, 54, 28: A matemática da batalha do impeachment no Senado
Inicialmente, os cálculos pareciam favoráveis à economista Dilma Rousseff.
Afinal, a possibilidade de dois terços dos deputados votarem para abrir um processo de impeachment contra a presidente eleita com as duas maiores coligações partidárias da história brasileira soava remota.
Mas o avanço da crise - econômica e política - embaralhou essa equação, e a petista sofreu derrotas nas votações até agora no Congresso.
Confira os números que ditarão o julgamento final de Dilma no Senado, a matemática que pode salvar seu mandato e as combinações que conduziram a presidente ao ponto atual:
81
Essa é a quantidade de votos em jogo no Senado, Casa onde Dilma vem sendo processada e julgada.
O PT e o PC do B, partidos mais fiéis ao governo, somam apenas 11 senadores (10 do PT e um do PC do B). O PSDB tem 11 senadores e o PMDB, 19, dos quais 13 já declararam voto contra Dilma.
54
São os votos mínimos necessários em um julgamento de impeachment para que um presidente da República perca seu cargo em definitivo. O número corresponde a dois terços dos senadores.
Eles terão de anunciar seus votos durante a etapa final do processo, que está sendo presidido pelo presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski.
55 e 59
Foram os votos contrários à petista nas duas vezes em que senadores analisaram o caso.
Em ambas as vezes, ela precisava do apoio de 41 dos 81 parlamentares para que o caso fosse encerrado - o número corresponde à metade + 1 dos integrantes da Casa.
Na primeira votação, em 12 de maio, quando o Senado decidiu abrir o processo, Dilma obteve apenas 22 votos a seu favor e, com isso, foi afastada para ser processada.
Na segunda votação, em 10 de agosto, o resultado foi ainda pior: Dilma conseguiu apenas 21 votos em sua última chance de evitar o julgamento.
O parecer do relator Antonio Anastasia (PSDB-MG) foi aprovado pelo plenário do Senado e o caso seguiu para o julgamento final.
28
Esses são os votos que a petista precisa ter a seu favor no Senado para manter seu mandato - isso não significa, porém, que todos têm de ser contrários ao impeachment.
Seriam computados nessa conta, além dos "nãos", eventuais ausências e abstenções.
O número é inferior aos 54 votos necessários para cassá-la de vez, mas, considerando o retrospecto de votações do impeachment, é difícil de ser alcançado.
34
Foram os votos, ausências e abstenções que faltaram para que o impeachment fosse derrotado ainda na Câmara.
Do total de 513 deputados, 342 precisavam ser favoráveis ao afastamento para que o caso avançasse ao Senado.
Houve oposição suficiente à petista e o lado pró-impeachment ainda obteve 25 votos a mais na votação histórica encerrada em 17 de abril.
Na ocasião, 367 deputados defenderam que a presidente fosse julgada, e apenas 137 se posicionaram contra a abertura do processo.
A participação da Câmara no caso terminou ali, mas com um gesto claro de desaprovação à gestão de Dilma.
15 e 14
Relator do impeachment no Senado, Antonio Anastasia (PSDB-MG) produziu dois pareceres ao longo da tramitação do processo na Casa.
Os dois relatórios foram alvo de votação na comissão especial do impeachment, que contava com 21 senadores.
E ambos obtiveram vitórias fáceis: o primeiro, que recomendava a abertura do processo, obteve 15 votos a favor; o segundo, favorável à acusação e ao julgamento, obteve 14.
As duas votações foram interpretadas como termômetro das decisões seguintes na Casa - nas duas vezes em que se manifestou, o plenário do Senado seguiu a comissão e decidiu contra Dilma.
8
É o número de anos que a presidente afastada ficará inelegível caso sofra o impeachment.
Em meses, são 96. Em dias, 2.922. Ao fim desse período, Dilma Rousseff teria 76 anos de idade.
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