Protestos contra e a favor de Dilma acontecem em ao menos 15 Estados
A cinco dias da abertura oficial dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, as capitais brasileiras são palco neste domingo (31) de uma série de protestos a favor e contra o impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff (PT).
Os protestos organizados em ao menos 15 Estados, inclusive no Rio de Janeiro, em São Paulo e no Distrito Federal, expõem internacionalmente a crise política brasileira e, assim como o surto de vírus da zika, geram preocupação no exterior.
Na orla da praia de Copacabana, dezenas de manifestantes se reuniram com cartazes em inglês para chamar a atenção da imprensa internacional que já está no Rio de Janeiro para os Jogos.
O movimento cobrava que a votação do impeachment ocorresse o mais rápido possível. De acordo com o Supremo Tribunal Federal (STF), o julgamento final do processo contra Dilma deve começar no dia 29 de agosto, quase uma semana após o encerramento dos Jogos Olímpicos.
Nenhuma das manifestações neste domingo conseguiu reunir tantas pessoas quanto os protestos dos últimos anos, quando centenas de milhares tomaram as ruas em protesto contra a corrupção e o governo.
Rio de Janeiro
O protesto em Copacabana, pelo impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, durou cerca de três horas e terminou por volta das 13h30 deste domingo.
O público se concentrou em um trecho de cerca de 500 metros da pista da Avenida Atlântica, junto ao calçadão, entre os postos 4 e 5. "Demos mais de 20 entrevistas para jornalistas da Nova Zelândia, Austrália, Holanda, China e Japão", disse Adriana Balthazar, do Vem Pra Rua.
Turistas ouvidos pela reportagem não sabiam do que tratava a manifestação. "Não sei o que está acontecendo. Vi poucas notícias sobre a situação política no Brasil antes de vir", disse o engenheiro francês Guillaum La Pesq, de 26 anos, que veio para os Jogos.
"Estou explicando a ele que estas são pessoas que apoiam uma manobra política que vai contra mudanças sociais no país", contou a historiadora Aline Martins, de 28 anos, amiga do francês.
Sob gritos de "fora Temer", um grupo protestava na tarde deste domingo na Candelária, centro do Rio. A principal reivindicação do ato, promovido pela Frente Brasil Popular, é a retomada do governo federal pela presidente afastada Dilma Rousseff.
Um destacamento da Polícia Militar (PM), que patrulha a região, estimou em 40 pessoas presentes.
O grupo respondia com gritos de "golpistas, fascistas, não passarão" a pedestres que passavam gritando "fora Dilma". "Os direitos sociais que a Dilma deu para o povo não podem ser perdidos pela sociedade. Queremos ver nossos 54 milhões de votos respeitados", disse Edda Castro, do Movimento Frente Brasil Popular.
Pela manhã, houve protesto contra Michel Temer durante o jogo entre Fluminense e Ponte Preta, pelo Campeonato Brasileiro, em Mesquita (RJ).
Brasília
Em Brasília, os movimentos "Vem Pra Rua", "Nas Ruas" e "Limpa Brasil" organizaram um ato contra Dilma. Eles usaram palavras em apoio ao juiz Sergio Moro e à Operação Lava Jato, além de pedirem a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, os manifestantes evitaram citar o nome do mandatário interino, Michel Temer.
Em outra área de Brasília, no final da Asa Norte, um grupo realizou uma panfletagem contrária ao impeachment.
São Paulo
Em São Paulo, a manifestação a favor do impeachment foi marcada para o início da tarde deste domingo na avenida Paulista. Ao menos cinco carros de som estão concentrados na avenida que fica fechada para os carros aos domingos.
"Estamos esperando por esse processo para desobstruir o Brasil, para trazer o emprego e a atividade econômica de volta", disse Rogério Chequer, no vídeo de chamada para o protesto.
Principal celebridade no carro de som do grupo Revoltados Online, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSC - SP), filho do também deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), reconheceu a baixa adesão dos manifestantes.
"Já era esperado que fosse mais esvaziado. Alguns fatores influenciaram. Dilma está afastada e não edita mais medidas provisórias. E tem também o fim das férias escolares", disse.
Em outro lugar da cidade, o protesto em apoio à presidente afastada Dilma Rousseff começou por volta das 14h no Largo do Batata, no bairro de Pinheiros.
Manifestantes com faixas exibem frases contrárias ao presidente em exercício, Michel Temer (PMDB). "Michel Temer, golpista sujo, sua hora vai chegar", diz uma delas.
O ato é organizado pela Frente Povo Sem Medo, que congrega mais de 40 instituições ligadas a movimentos sociais. Ele conta com a presença de políticos, entre eles os deputados Luiza Erundina e Ivan Valente, candidatos a prefeita e vice de São Paulo pelo PSOL.
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ), a secretária municipal de Educação de São Paulo, Nadia Campeão, e o ex-senador Eduardo Suplicy, candidato a vereador pelo PT, também estavam presentes.
Os dois lados da avenida Brigadeiro Faria Lima, na altura da rua Teodoro Sampaio, foram fechados para abrigar os manifestantes.
A marcha começou às 16h15 e segue até o escritório do presidente interino Michel Temer, no Alto de Pinheiros. "Vamos para onde ele arquitetou o golpe", disse o coordenador geral do MTST, Guilherme Boulos.
Salvador
Em Salvador, manifestação a favor do impeachment de Dilma Rousseff reuniu cerca de 500 pessoas neste domingo, segundo a Agência Brasil. A estimativa é da Polícia Militar. Os manifestantes, que se encontraram no Farol da Barra, pediram mais rapidez ao processo de afastamento da petista.
O médico César Leite, líder do Movimento Vem Pra Rua Bahia, que organizou o ato, disse que a manifestação de hoje teve três pautas principais. "Além de defendermos o processo de impeachment, prestamos apoio ao juiz Sérgio Moro com relação à Lava Jato, e ao Ministério Público Federal, principalmente com as dez medidas contra a corrupção", afirmou.
Porto Alegre
Em Porto Alegre, a Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo fazem ato no Parque Farroupilha, em defesa do mandato da presidente afastada, Dilma Rousseff. A Polícia Militar não divulgou estimativa de público.
A cidade tem um dia muito quente em pleno inverno, com temperatura de 30 graus.
No carro de som, posicionado num ponto central do parque, lideranças de movimentos sociais e sindicais dizem que o ato de hoje é uma preparação para o mês de agosto, quando os apoiadores de Dilma pretendem intensificar as mobilizações contra o impeachment, às vésperas da votação final do processo no Senado.
Há bandeiras do Brasil, do PT, do PCdoB, da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e da CTB (Central dos Trabalhadores do Brasil).
De acordo com o presidente do PT no Rio Grande do Sul, Ary Vanazzi, além de condenar o impeachment os manifestantes defendem a manutenção dos direitos sociais e trabalhistas. "A nossa tarefa é expressar nas ruas a nossa posição com relação a isso", disse Vanazzi.
Curitiba
Em Curitiba, cerca de 3.000 pessoas a favor do impeachment de Dilma Rousseff se reuniram na Praça Santos Andrade, na tarde deste domingo, de acordo com a Polícia Militar.
Os manifestantes seguiram em caminhada até a Boca Maldita, também no centro da capital.
A atriz Letícia Sabatella, que é contra o impeachment, foi hostilizada por manifestantes a favor da saída de Rousseff.
Em vídeo publicado em redes sociais, Sabatella diz que passava pelo local sem provocar ninguém e parou para conversar com uma senhora quando foi cercada e xingada por manifestantes. A Polícia Militar teve que agir para evitar um transtorno maior,
Belém
Cerca de 500 pessoas, segundo a Polícia Militar, marcharam pela ruas do centro de Belém para apoiar o impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, com camisas, faixas e bandeiras do Brasil. O número de manifestantes foi abaixo do esperado.
"O final das férias escolares levou muita gente para fora de Belém e isso se refletiu no protesto", disse o escriturário Lenilson Nonato Favacho, 46 anos. Além dos gritos de "fora Dilma" e "fora PT", os manifestantes também protestavam contra a corrupção e o desemprego.
O momento mais tenso da manifestação ocorreu na Praça da República, quando um grupo de 100 pessoas, com camisas vermelhas e bandeiras do PT, passou a gritar "Fora, Temer". Os poucos policiais militares que estavam na avenida Presidente Vargas tiveram que fazer um cordão de isolamento para que os contrários a Dilma pudessem passar, evitando o confronto.
Os grupos pró e contra a presidente afastada trocaram palavras de ordem e xingamentos. O ato contra Dilma encerrou por volta do meio-dia, na avenida Doca de Souza Franco.
Também foram registrados atos em Belo Horizonte, Cuiabá, Goiânia, Maceió, Recife, João Pessoa, Manaus e São Luís.
(Com agência Estado, Reuters e Ansa)
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