Cardeal George Pell: quem é o número 3 do Vaticano indiciado na Austrália por abusos sexuais
O cardeal Pell se apresenta como um forte apoiador dos valores tradicionais católicos, adotando uma posição conservadora em relação a casamento gay e contracepção, além de defender o celibato dos padres.
Mas sua carreira foi abalada primeiro por acusações de ter acobertado casos de abuso sexual por padres e depois de ter cometido abusos. Pell sempre negou com firmeza ter feito qualquer mal.
Em 2014, Pell foi chamado a Roma para se tornar o chefe das finanças do Vaticano, uma posição nova criada pelo papa Francisco em meio a vários escândalos no Banco do Vaticano - acusado de lavagem de dinheiro e de desvios na gestão de contas.
Mas Pell deixou para trás na Austrália uma onde de indignação com revelações de casos de abuso de menores por clérigos católicos.
O cardeal foi acusado diversas vezes de ter acobertado abusos, de ser "arrogante" e "distante".
Ele teria transferido um padre notoriamente pedófilo - Gerald Ridsdale - a diferentes paróquias em vez de denunciá-lo, além de tentar subornar uma das vítimas para ficar em silêncio.
Ele negou as acusações, mas admitiu que poderia ter feito mais para investigar queixas de abuso.
Em 2016, a rede de TV Australian Broadcasting Corp (ABC) colocou no ar denúncias de dois homens que diziam ter sido tocados inapropriadamente pelo cardeal nos anos 1970. Ele negou vigorosamente as denúncias e as descreveu como uma "campanha escandalosa para manchar sua reputação".
Efeitos - Por Hywel Griffith, correspondente da BBC na Austrália
O cardeal Pell não é apenas o mais alto clérigo da Austrália como também é uma das mais altas autoridades do mundo católico.
Durante duas décadas, ele esteve na linha de frente de debates da igreja sobre assuntos controversos como homossexualidade, Aids e pesquisa com células-tronco.
Ele também era o responsável por respostas oficiais da igreja às alegações de abuso sexual entre autoridades católicas australianas durante uma série de inquéritos.
Quando prestou depoimento por vídeo a uma comissão na Austrália sobre o assunto no ano passado, alguns sobreviventes de abuso viajaram até Roma para assisti-lo.
Portanto, é difícil exagerar a importância da decisão de indiciá-lo.
Quando comparecer perante a Justiça na Austrália, cada segundo será escrutinizado não apenas pela imprensa australiana, mas por membros de congregações católicas de várias partes do mundo.
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