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Após ser barrada por decreto de Trump, mãe iemenita consegue entrar nos EUA para visitar filho que está morrendo

20/12/2018 14h54

Uma mãe iemenita teve diversos pedidos de visto negados finalmente conseguiu entrar nos EUA para visitar o filho de dois anos, que sofre de uma doença terminal.

Ali Hassan cuida do filho, Abdullah, que terá os aparelhos desligados nessa semana - AFP - AFP
Ali Hassan cuida do filho, Abdullah, que terá os aparelhos desligados nessa semana
Imagem: AFP
Shaima Swileh, que é natural do Iêmen mas atualmente vive no Egito, chegou à Califórnia nesta quarta-feira após uma longa tratativa com as autoridades americanas.

Ela estava impedida de entrar nos EUA pelo bloqueio imposto pelo presidente Donald Trump, que impede a concessão de vistos para pessoas de diversos países com maioria muçulmana.

Seu filho, Abdullah Hassan, de 2 anos, está internado um hospital de Oakland desde outubro. Ele nasceu com uma doença neurológica rara, a hipomielinização, que afeta a capacidade de respirar - os médicos dizem que ele não vai sobreviver. Ele e o pai, Ali Hassan, de 22 anos, têm cidadania americana.

Após apelos de Ali na televisão, Shaima finalmente conseguiu o visto para ver o filho pela última vez. Ela desembarcou no aeroporto Internacional de São Francisco na quarta à noite e foi recebecida por grupos de pessoas desejando boas-vindas.

https://twitter.com/ScottStrazzante/status/1075605387758395392

Swileh deve ver o filho pela última vez antes de desligarem os aparelhos que o mantêm vivo.

"Isso vai nos permitir passar pelo luto com dignidade", disse Ali.

Milhares de e-mails, cartas, e tweets foram enviados para membros dos Congresso americano em apoio à família, segundo o Conselho para Relações Islâmico-Americanas (CAIR, na sigla em inglês).

"Estamos tão aliviados que essa mãe vai conseguir abraçar e beijar seu filho pela última vez", diz Saad Sweilem, advogado do CAIR na cidade de Sacramento, na Califórnia. "O apoio do público para essa família foi incrível."

A organização também criticou o bloqueio do presidente Trump, afirmando que, se não fosse pela nova regra, o menino poderia estar recebendo conforto de sua mãe há tempos.

O que é o veto migratório

Pouco depois de assumir o cargo, Trump impôs restrições à entrada em território americano de cidadãos de uma série de países - quase todos de maioria muçulmana.

O decreto passou por várias alterações antes de ser validado em junho deste ano pela Suprema Corte.

O veto migratório proíbe a entrada no país de cidadãos de Irã, Coreia do Norte, Venezuela, Líbia, Somália, Síria e Iêmen.

No caso da Venezuela, as restrições se limitam a quem trabalha para o governo e suas famílias.

Qual a situação da família?

O pai do menino nasceu na Califórnia, mas conheceu a esposa no Iêmen, onde tiveram sete filhos.

Quando Abdullah tinha oito meses, a família se mudou para o Cairo, no Egito, fugindo da guerra civil no Iêmen.

Em outubro, Hassan levou o filho para os Estados Unidos para fazer um tratamento, com a expectativa de que a mulher se juntasse a eles depois.

Mas depois que os médicos informaram que a condição da criança era terminal, a família solicitou um visto para que ela viajasse com urgência para os Estados Unidos.

Eles contam que receberam uma carta de rejeição do Departamento de Estado americano citando o veto migratório de Trump - resposta repetida diversas vezes apesar dos outros pedidos da família.

A situação só mudou após o caso receber atenção da mídia e o pai ir à TV fazer um pedido desesperado às autoridades americanas.

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