Tsunami na Indonésia: "Tentei me segurar em qualquer coisa para sobreviver"
Ao menos 222 pessoas foram mortas e 843 pessoas ficaram feridas quando um tsunami atingiu as cidades costeiras do Estreito de Sunda, na Indonésia, no sábado.
Não houve alerta para as ondas gigantes que atingiram a costa à noite, destruindo centenas de prédios, varrendo carros e derrubando árvores. Suspeita-se que a erupção de um vulcão tenha causado o tsunami. Autoridades pediram que a população se mantenha longe da costa, com medo de um novo tsunami.
Sobreviventes contam como conseguiram escapar.
'Quase perdi o fôlego'
Imagens compartilhadas nas redes sociais mostraram uma onda atingindo uma tenda em um resorte onde uma banda de rock da Indonésia chamada Seventeen estava tocando.
O vídeo mostra como membros da banda são varridos do palco quando a onda o destrói.
Chorando, o cantor Riefian Fajarsyah afirmou em um vídeo postado no Instragram que o baixista e o agente da banda morreram. Também contou como três outros membros da banda e sua própria esposa estão desaparecidos.
Em outro post, ele compartilhou uma foto sua e de sua mulher em Paris, dizendo: "Hoje é seu aniversário... Vem logo para casa".
Um membro da equipe que acompanhava a banda, Zack, disse em um vídeo que ele sobreviveu porque se segurou em parte do palco. "Nos segundos finais [embaixo da água] quase perdi o fôlego", afirmou, segundo a Reuters.
De acordo com a agências de AP, a banda divulgou uma nota: "A onda varreu todo mundo do local. Infelizmente, quando ela voltou, nossos membros não puderam se salvar. Alguns não encontraram lugares para segurar".
'Tentei me segurar em qualquer coisa para sobreviver'
Dono de uma loja, Rudi Herdiansyah, disse que a praia na costa de Java estava quieta no sábado à noite, até que ele ouviu "um barulho muito forte vindo do oceano".
A parede de água atingiu sua loja na beira da praia e ele foi sugado por uma onda poderosa.
Ele se lembra de ter sido derrubado três vezes.
"Alá me salvou. Eu consegui sair dos destroços", diz.
Ele disse que não ouviu nenhum alerta, mas que já tinha participado de uma simulação de tsunami antes.
"Isso me fez ficar mais consciente", diz. "Tentei me segurar em qualquer coisa para sobreviver. Me escondi e segurei num banco, para me proteger."
Sua pequena loja foi destruída pelo tsunami.
Rudi disse que ele e sua família iriam evacuar e ir para casa de parentes longe da costa.
'Fiquei com medo de morrer'
Azki Kurniawan, 16, disse que estava participando de um treinamento com outros 30 estudantes no Patra Comfort Hotel, em uma área popular de resortes na praia de Carita, em Java, quando pessoas correram para o lobby do hotel gritando: "O nível do mar está subindo!".
Ele disse à agência de notícias AP que não tinha certeza do que estava acontecendo porque ele não sentiu um terremoto. Ele então correu para o estacionamento para pegar sua moto, mas, quando chegou, já havia um alagamento.
"De repente, uma onda de um metro me atingiu", ele disse.
"Eu caí, e a água me separou da minha moto. Fui jogado na grade de um prédio a 30 metros da praia e segurei nela o mais forte que pude. Tentei resistir a água. Sentia que ela ia me puxar de volta para o oceano. Chorei, tive muito medo. 'Isso é um tsunami?' Fiquei com medo de morrer."
'Rezava e corria o mais rápido que eu podia'
Asep Perangkat contou à agência de notícias AFP que ele e sua família estavam na praia de Carita, em Java, quando uma onda se embrenhou pela cidade, deixando um rastro de destruição.
"Carros foram arrastados por 10 metros", disse. "Prédios na beira da praia foram destruídos, árvores e postes de eletricidade foram derrubados. Todos os moradores que puderam correram para a floresta."
Alif, um morador do distrito Pandeglang, em Java, disse à MetroTV que muitos moradores ainda estavam procurando por parentes desaparecidos.
Na província de Lampung, em Sumatra, Lufti Al Rasyid, de 23 anos, disse à AFP: "Não consegui ligar minha moto, então a abandonei e corri. Só rezava e corria o mais rápido que eu podia".
Na cidade de Bandar Lampung, centenas de moradores se abrigaram na sede do governo, segundo a AP.
'Foram duas ondas'
Oystein Lund Andersen, fotógrafo de vulcões norueguês, na praia Anyer, em Java Ocidental
"Eu estava na praia. Estava sozinho, e minha família estava dormindo no quarto.
Eu estava tentando fotografar a erupção do vulcão Krakatau.
Mais cedo naquela noite, tinha havido forte atividade vulcânica. Mas logo antes das ondas atingirem a praia, não havia atividade alguma. Era só escuridão.
Mas de repente vi uma onda vindo e tive que correr.
Foram duas ondas. A primeira não foi tão forte - tanto que consegui correr.
Corri direto para o hotel, onde minha esposa e meu filho estavam dormindo.
Então eu os acordei e ouvi que uma onda maior estava vindo. Olhei pela janela e vi quando a segunda onda veio. Era muito maior.
A onda perpassou o hotel e carros foram derrubados.
Nós e outras pessoas do hotel corremos para floresta próxima ao hotel, num terreno mais alto. Estamos na colina até agora.
- Oystein Lund Andersen falou à BBC World News
'Não temos dinheiro para reconstruir'
Rani tem uma barraca em Java que foi destruída pelo tsunami.
"Tudo foi destruído e nós não temos o dinheiro para reconstruir", disse.
Essa época é de alta temporada, período mais importante para os locais que dependem do turismo.
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