Os gráficos que mostram como a opinião dos britânicos sobre o Brexit mudou
Ontem, primeira-ministra britânica, Theresa May, prometeu que vai renunciar ao cargo se parlamentares de seu partido apoiarem sua versão do acordo para sacramentar saída do país da União Europeia.
Em meio às discussões no Parlamento britânico sobre alternativas ao Brexit - a saída do Reino Unido da União Europeia -, como pensam os eleitores quase três anos após o plebiscito?
Ontem, a primeira-ministra britânica, Theresa May, afirmou a parlamentares de seu partido, o Partido Conservador, que renunciará ao cargo caso eles aprovem o seu plano do Brexit.
May não determinou data para sua renúncia, ela disse apenas que não irá tocar a segunda fase do processo, mas, nessa hipótese, a eleição para escolher a nova liderança do partido deve acontecer em maio.
A pedido da BBC, John Curtice, professor de política da Universidade de Strathclyde, redigiu um artigo em que aponta os desdobramentos mais recentes das sondagens sobre o tema.
Confira abaixo.
Há quase três anos, o Reino Unido votou a favor de deixar a União Europeia, o chamado Brexit.
No entanto, a data original da separação, 29 de março, foi adiada e o governo está procurando um caminho a seguir.
Então, o que a maioria dos eleitores do Reino Unido pensa agora sobre o Brexit?
Como as negociações vêm sendo conduzidas?
Theresa May argumenta que seu acordo é a melhor maneira de atender a vontade dos eleitores - em junho de 2016, 51,9% dos que compareceram votaram pela saída do Reino Unido da União Europeia.
O problema é que esses eleitores - mesmo aqueles que votaram a favor do Brexit - se tornaram profundamente críticos sobre como o governo do Reino Unido vem conduzindo as negociações.
Esse descontentamento pode ser observado a partir de uma pesquisa recém-publicada da NatCen Social Research, realizada entre 24 de janeiro e 17 de fevereiro.
Dois anos atrás, aqueles que votaram pela saída do Reino Unido da UE estavam inclinados a dar ao governo um voto de confiança.
No entanto, 80% deles dizem agora que as negociações do Brexit foram mal conduzidas. Esse nível de descontentamento é quase tão alto também entre os que votaram pela permanência do país no bloco (85%), que antes eram mais críticos em relação ao governo.
Curiosamente, os eleitores pró-Brexit são agora tão críticos do papel do governo britânico no processo quanto o são em relação a UE: 79% deles dizem que o bloco conduziu mal as negociações.
O Reino Unido vai conseguir um bom acordo?
Enquanto isso, a demora nas negociações fez com que os eleitores ficassem cada vez mais pessimistas sobre os benefícios do acordo para o Reino Unido.
Dois anos atrás, o porcentual dos que pensavam que o Reino Unido obteria um bom negócio (33%) era quase igual ao daqueles que pensavam o contrário (37%).
No entanto, essa percepção logo mudou e, no verão passado, 57% achavam que o Reino Unido sairia com um mau acordo.
Agora que a primeira fase das negociações do Brexit foi concluída - embora, pelo menos até agora, não aprovada pelos parlamentares - a proporção que acha que o Reino Unido está caminhando para um mau acordo é ainda maior (63%).
Ou seja, eleitores pró e contra o Brexit têm praticamente a mesma opinião nesse aspecto. Isso ocorre apesar de os primeiros se mostrarem muito mais positivos.
Cerca de 66% dos que votaram a favor da saída do Reino Unido da EU acreditam que o país obterá um acordo ruim - a parcela entre os eleitores que defendiam a permanência no bloco é de 64%.
Parece que o acordo de May não conseguiu satisfazer muitos dos eleitores cujas aspirações ele visa a atender.
Os eleitores britânicos ainda querem deixar a UE?
Mas essa reação negativa ao acordo significa que os eleitores mudaram de opinião quanto ao desmembramento da UE?
Na verdade, uma média das seis pesquisas mais recentes indica que, se houvesse um novo plebiscito, mais pessoas votariam pela permanência do que pela saída do país do bloco.
Atualmente, excluídos os que não souberam responder, 54% dizem querer que o Reino Unido permaneça na União Europeia, enquanto 46% defendem a ruptura.
Em parte, isso ocorre porque os eleitores a favor do Brexit são um pouco menos propensos a dizer que votariam da mesma maneira novamente (82%) do que aqueles que são contra (86%).
Mas a migração de votos a favor da permanência do Reino Unido na União Europeia se deve também àqueles que não votaram em 2016, quer por abstenção ou como parte do novo contingente, os jovens que desde 2016 atingiram a chamada maioridade eleitoral. Desse grupo total, 43% dizem que defenderiam a permanência, enquanto 19% votariam pela saída.
Na verdade, os porcentuais estão muito próximos para os opositores do Brexit suporem que uma segunda votação produziria um resultado diferente.
Mas, da mesma forma, os defensores do Brexit não podem afirmar com confiança que as opiniões seriam as mesmas das de junho de 2016.
Os eleitores querem um novo plebiscito?
Então, os eleitores do Reino Unido querem outro plebiscito?
Depende do tipo de pergunta.
Algumas pesquisas introduzem a ideia de outra votação como "voto popular", ou "voto público", e não deixam claro que permanecer na UE seria uma opção.
Quando colocadas ao público dessa forma, os levantamentos sugerem, em média, que os defensores de um segundo plebiscito superam os opositores em 12 pontos porcentuais.
No entanto, o nível médio de apoio e oposição muda quando as pessoas são perguntadas se deve haver outro plebiscito com a opção de permanência na UE na cédula de votação.
Perguntados dessa maneira, os opositores superam os defensores do plebiscito em nove pontos porcentuais.
Mas talvez o mais importante seja que os eleitores a favor da permanência do Reino Unido na EU continuem muito mais entusiasmados com a ideia do que aqueles que defendem a saída do país do bloco.
Isso sugere que a proposta ainda está longe de ser a solução para o impasse sobre o Brexit.
Os eleitores de ambos os lados do espectro podem concordar que não gostam do acordo de May, mas isso não significa que eles concordem com o que deveria acontecer.
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