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No G20, Trump e Bolsonaro debatem ações contra Cuba e outros países que financiam Venezuela

Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aperta a mão do presidente brasileiro Jair Bolsonaro durante encontro bilateral no G20, em Osaka, Japão - Kevin Lamarque/Reuters
Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aperta a mão do presidente brasileiro Jair Bolsonaro durante encontro bilateral no G20, em Osaka, Japão Imagem: Kevin Lamarque/Reuters

Nathalia Passarinho - Enviada da BBC News Brasil a Osaka, no Japão

28/06/2019 08h55

Segundo porta-voz da Presidência, líderes citaram Cuba como exemplo de nação aliada ao regime de Nicolás Maduro.

Um dos principais temas da reunião bilateral entre o presidente Jair Bolsonaro e o presidente americano, Donald Trump durante a cúpula do G20 nesta sexta-feira (28) foi a crise na Venezuela e as maneiras de asfixiar o regime de Nicolás Maduro financeiramente.

Segundo o porta-voz da Presidência, general Rêgo Barros, os dois líderes chegaram a debater possibilidades de pressão contra países que financiam o governo Maduro e citaram especificamente Cuba como exemplo.

"Num conceito mais amplo, que é de se imaginar que, por meio da pressão econômica, nós vamos conseguir viabilizar a democracia na Venezuela, poderá, eventualmente, ser analisada alguma ação para que haja a desidratação do suporte de atores que possam introduzir algum suporte econômico na Venezuela", disse.

Ao ser perguntado sobre se foram discutidas possibilidades de sanção à Cuba, ele respondeu: "Obviamente que dentro daqueles que são aliados da Venezuela não podemos fugir de identificar Cuba como um dos apoiadores".

Segundo o porta-voz da Presidência, o governo brasileiro acredita na "necessidade de encontrar uma solução" para a Venezuela.

"E essa necessidade passa, dentre outros aspectos, pelo aspecto econômico, com a desidratação das fontes financeiras da Venezuela."

Rêgo Barros foi questionado sobre o motivo de Bolsonaro não ter mencionado essa possibilidade de pressionar apoiadores de Maduro durante reunião desta sexta (28) dos Brics, grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Rússia e China são, justamente, as aliadas mais poderosas da Venezuela. Mas Estados Unidos e Brasil só teriam mencionado Cuba ao discutirem sobre as possibilidade de sanções.

"Ao final da declaração que fez nos Brics, ele citou a Venezuela ao final, no intuito de que aqueles que se encontravam na mesa pudessem encontrar soluções para restituir a democracia naquele país", respondeu o porta-voz.

'Estamos com o povo venezuelano'

Mais cedo, no início da reunião bilateral, Trump respondeu a uma pergunta sobre se ele teria perdido o "timing" ou momento ideal para retirar Maduro do poder.

Ele respondeu que "de jeito nenhum". "Essas coisas levam tempo." O presidente americano também falou que os Estados Unidos estão "ao lado do povo venezuelano".

"Nós os temos ajudado muito, levando bastante comida, remédios e outras coisas para a Venezuela. Estamos trabalhando em grande cooperação com a Colômbia."

Ao final da rápida conversa com jornalistas antes da bilateral com Bolsonaro, Trump aproveitou o tema da Venezuela para dar uma alfinetada no Partido Democrata americano, seu adversário na futura corrida eleitoral pela reeleição.

"Essa crise humanitária mostra o que o socialismo pode fazer. Eu tenho assistido aos debates (entre pré-candidatos democratas à Presidência dos EUA) e não fiquei impressionado", disse.

"Quando você olha para o socialismo e para o que o socialismo pode fazer, é sobre o que se está falando (nos debates). Ele (partido Democrata) se tornou um partido socialista."

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.