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Punta Ventana: a maravilha natural destruída pela série de terremotos em Porto Rico

Punta Ventana depois (à esq.) e antes do terremoto de segunda-feira em Porto Rico - AFP/Getty Images
Punta Ventana depois (à esq.) e antes do terremoto de segunda-feira em Porto Rico Imagem: AFP/Getty Images

Da BBC

07/01/2020 15h20Atualizada em 08/01/2020 00h51

Especialistas explicam o que é a incomum 'sequência sísmica' que vem causando abalos na ilha caribenha.

Um arco de pedra conhecido como Punta Ventana, icônica maravilha natural da ilha caribenha de Porto Rico, foi destruído pelo terremoto de magnitude 5,8 que sacudiu a região na segunda-feira (6/1) ? e que tem colocado a população em alerta, diante de uma incomum sequência de abalos sísmicos por ali.

A Punta Ventana era um ponto turístico emblemático próximo à cidade de Guayanilla, no sudoeste do território.

"Perdemos um importante símbolo da nossa cidade e nosso patrimônio cultural", disse o prefeito de Guayanilla, Nelson Torres.

O terremoto que abalou a cidade na manhã de segunda-feira havia sido o mais forte de uma série de tremores que começaram em 28 de dezembro em Porto Rico. No entanto, nesta terça-feira, ele foi superado por um abalo ainda mais poderoso, de magnitude 6,4, segundo o Serviço Geológico dos EUA (USGS, na sigla em inglês).

O tremor afetou toda a ilha, derrubou edifícios e causou um grande apagão de eletricidade. Foi seguido por diversos movimentos sísmicos de menor intensidade, mas alguns deles fortes, de magnitude de até 6.

Segundo a imprensa local, um homem morreu em decorrência dos terremotos, na cidade de Ponce.

Desde o final de dezembro, foram mais de 1,8 mil tremores registrados na ilha caribenha. E as autoridades advertem que esses abalos continuarão nos próximos dias.

Mas o que explica uma atividade sísmica tão intensa?

Zona sísmica

Casa derrubada por terremoto em Porto Rico; abalos perto da superfície são sentidos ainda mais intensamente - Getty Images - Getty Images
Casa derrubada por terremoto em Porto Rico; abalos perto da superfície são sentidos ainda mais intensamente
Imagem: Getty Images

"Porto Rico está rodeado de características geológicas que são favoráveis para eventos sísmicos", explica à BBC News Mundo (serviço em espanhol da BBC) Alberto López Venegas, pesquisador da Rede Sísmica de Porto Rico.

A ilha está localizada dentro de uma zona sísmica em que duas placas tectônicas maiores interagem entre si: a placa norte-americana (ao norte) e a placa do Caribe (sul).

"A ilha está sujeita às pressões dessas placas", explicou, em entrevista coletiva na segunda-feira, Víctor Huérfano, diretor interino da Rede Sísmica de Porto Rico.

O sudoeste da ilha, além disso, tem a particularidade de produzir sismos perto da superfície — o que especialistas chamam de "eventos planos", motivo pelo qual são sentidos mais intensamente e provocam mais preocupação entre a população.

Sequência sísmica

Porto Rico tem sido afetado por uma incomum 'sequência sísmica', e ainda não há certeza de se o tremor desta terça é o mais forte a ser sentido - Getty Images - Getty Images
Porto Rico tem sido afetado por uma incomum 'sequência sísmica', e ainda não há certeza de se o tremor desta terça é o mais forte a ser sentido
Imagem: Getty Images

O que tem ocorrido em Porto Rico é o que os geólogos chamam de "sequência sísmica".

Trata-se de um evento sísmico principal seguido de uma série de réplicas de menor magnitude, diz López.

Esses terremotos principais às vezes podem ser precedidos de sismos de menor intensidade, os chamados "precursores".

Sendo assim, o tremor desta terça-feira pode ter sido o terremoto principal, enquanto os demais, sentidos desde 28 de dezembro, podem ter sido seus precursores.

Mas isso é uma hipótese — os especialistas não podem descartar totalmente a possibilidade de estar por vir um abalo sísmico ainda mais forte.

"Não sabemos exatamente quando vai parar isso, nem se este (abalo) de hoje (terça) é o evento maior", diz López.

O professor agrega que é bastante incomum que se registrem 1,8 mil sismos em menos de duas semanas.

"Estamos vendo uma atividade que provavelmente não voltaremos a ver nos próximos 500 ou mil anos", afirma.

Isso porque as placas que produzem os tremores levam milhares de anos acumulando energia e, quando os abalos começam, podem se passar semanas ou meses até que as falhas geológicas se acomodem e liberem toda essa energia.

Os especialistas advertem que, com a tecnologia existente atualmente, é impossível prever um terremoto, mas mediante a observação da atividade sísmica é possível, sim, prognosticar que os abalos deverão continuar nos próximos dias.

"As placas seguem ali, as falhas seguem ali, o movimento segue ali, o acúmulo de energia seguirá ali, e nós seguiremos investigando o que está acontecendo", afirmou Víctor Huérfano.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que informou a legenda da foto que abre a matéria, a imagem da esquerda é posterior ao terremoto, e não anterior. A informação foi corrigida.