Caso Tom Hagen: o misterioso desaparecimento da mulher de um dos homens mais ricos da Noruega
Em outubro de 2018, quando Tom Hagen, de 70 anos, voltou para sua casa nos arredores de Oslo, capital da Noruega, encontrou com um cenário aterrorizante.
O cachorro da família estava trancado no banheiro. No chão do tapete da sala, pegadas estranhas e pedaços de cabos de plástico manchados de sangue.
E no quarto, no meio da cama, o bilionário encontrou um bilhete exigindo um resgate de US$ 9,5 milhões por sua esposa, Anne-Elisabeth Falkevik Hagen, de 68 anos, da qual não havia vestígio. O pagamento deveria ser feito em uma criptomoeda desconhecida.
Acostumados a viver em uma sociedade onde as taxas de criminalidade são notoriamente baixas, os norugueses rapidamente se tornaram obcecados pelo caso, que, até o momento, permanece sem solução.
A polícia não conseguiu localizar o paradeiro de Anne-Elisabeth, nem encontrou os autores do sequestro. Também não conseguiu definir ainda se é, realmente, um caso de sequestro ou um homicídio.
Suspeitas
Segundo a revista financeira Kapital, Tom Hagen está em 172º lugar na lista das pessoas mais ricas do país.
O empresário, cujo patrimônio é estimado em US$ 1,7 bilhão, fez fortuna no setor energético e imobiliário.
A imprensa local informou que o casal, junto há cerca de 50 anos, levava uma vida "isolada".
Parece não haver evidências de que o casamento estivesse com problemas. E, no momento em que o sequestro ocorreu, os funcionários da empresa de Tom Hagen confirmaram que ele havia passado o dia no escritório.
Isso fez a polícia supor que Tom não estivesse envolvido no desaparecimento de sua esposa. As autoridades, então, pediram à imprensa que não publicasse detalhes do caso, enquanto aguardavam notícias dos sequestradores.
No entanto, depois de um tempo e após uma série de comunicações com os supostos sequestradores, que diminuíram ao longo das semanas sem dar provas de que Anne-Elisabeth estava viva, a polícia começou a suspeitar de Tom.
Também foi descartada a possibilidade de suicídio ou de que ela teria fugido.
Em janeiro de 2019, a polícia enfim decidiu tornar o caso público para tentar obter mais informações.
Nove meses após seu desaparecimento, e depois que a imprensa publicou a notícia, as autoridades informaram por meio de um comunicado que sua principal hipótese era que "a mulher foi levada contra sua vontade".
"Nosso objetivo é encontrá-la viva e reuni-la com sua família", disse Tommy Broske, que comanda a investigação, em janeiro de 2019.
"Como em todos os casos criminais graves, o tempo é um fator importante e contamos com (receber) pistas para nos ajudar a encontrar a mulher desaparecida."
Reviravolta
Não se sabe se a divulgação das notícias do sequestro produziu novas informações. No entanto, no final de abril deste ano, o caso ganhou uma reviravolta.
Na manhã de 28 de abril, a polícia cercou a casa da família e prendeu o empresário, que foi acusado de "assassinato ou conspiração para assassinato".
Conforme revelado pela polícia, os pedidos de resgate foram possivelmente falsos e, provavelmente, Anne-Elisabeth foi morta.
"Não houve sequestro, nem negociadores reais, nem negociação real", disse Broeske em abril.
Segundo a polícia norueguesa, que durante mais de 18 meses de investigação contou com a ajuda do FBI nos Estados Unidos, de cães policiais suecos e analisou 6 mil horas de vídeo, "há indícios de que havia um desejo de enganar (os investigadores)."
Hagen negou todas as acusações.
No entanto, uma semana após sua prisão, já que o corpo de Anne-Elisabeth não apareceu, não há arma, e não há razão óbvia, as autoridades não tiveram escolha a não ser libertar Tom após receber uma ordem do Supremo Tribunal de Justiça da Noruega.
O caso voltou à estaca zero, mas a polícia diz que vai continuar com as investigações.
"Queremos descobrir o que aconteceu e quem está envolvido no caso."
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