A professora de universidade nos EUA que enganou a todos fingindo ser negra
Uma acadêmica americana cujo trabalho principal versa sobre diásporas africanas disse que mentiu sobre suas origens, fingindo ser negra.
Jessica Krug, professora assistente da George Washington University, admitiu que é uma mulher branca de Kansas City.
"Eu construí minha vida em cima de uma violenta mentira antinegra", diz Krug, em uma publicação em um blog.
A universidade disse estar investigando a publicação e que não iria comentar o assunto.
A revelação de Krug, que causou surpresa e críticas daqueles que a conhecem, lembra em certos aspectos o caso de Rachel Dolezal, uma ativista branca e estudiosa de assuntos africanos que se dizia negra.
Dolezal ficou famosa em 2015 quando seus pais revelaram à imprensa que ela é branca. Na época ela disse que, apesar de ter nascido branca, se identificava como negra.
Na quinta-feira (03/09), Jessica Krug afirmou que assumiu de forma falsa identidades que "eu não tinha direito de reivindicar: primeiro a de negritude norte africana, depois de negritude americana, depois de negritude caribenha e do Bronx".
"Em um grau crescente na minha vida adulta, eu fui ignorando experiência de vida como uma criança judia branca", escreveu ela.
Ela descreve seu comportamento como "a exata epítome da violência, do roubo e da apropriação, de uma miríade de formas nas quais pessoas não-negras continuam usando e abusando das identidades e culturas negras", dizendo que continuou com a mentira mesmo em suas relações pessoais.
Ela culpou traumas passados de infância e problemas de saúde mental pelas mentiras, apesar de dizer que isso não a exime de culpa.
Seu trabalho acadêmico, que inclui o livro de 2018 Modernidades Fugitivas: Kisama e a Política da Liberdade, tem como foco a cultura africana e as sociedades de diáspora da África.
De acordo com relatos da imprensa, Krug também usava o nome Jessica La Bombalera quando atuava como ativista.
Em um vídeo publicado neste ano, ela repreendia nova-iorquinos brancos por "não conseguirem ceder seu tempo para nova-iorquinos negros e pardos".
Qual foi a reação à confissão dela?
A confissão de Krug foi recebida com surpresa e ira de colegas acadêmicos, alunos e amigos, que deixaram esse ponto de vista claro na internet e em entrevistas.
Krug não explicou o motivo de sua revelação agora. No entanto, o roteirista Hari Ziyad disse que a confissão veio "por que ela foi descoberta".
"Jess Krug... é alguém que eu chamava de amiga até esta manhã, quando ela me telefonou admitindo tudo que está escrito aqui. Ela não fez isso por ser benevolente", ele escreveu no Twitter.
Autores latinos negros recentemente começaram a confrontar Krug, questionando o passado dela, segundo Yomaira Figueroa, uma professora assistente de estudos de diáspora da Michigan State University.
"Não houve uma caça às bruxas, mas havia uma necessidade de estabelecer um limite", ela escreveu no Twitter. "Krug se antecipou a essa história porque ela foi pega."
Yarimar Bonilla, professor de antropologia na Hunter College, escreveu no Twitter que foi "engando" por Krug, mas que "sempre suspeitou que havia algo de errado com ela".
"Nesse sentido, ela conseguiu nos manipular, não só ao nos fazer crer que ela era negra mas também em nos fazer pensar que éramos de alguma forma politicamente e intelectualmente inferiores."
Aria Sakona, uma estudante de 21 anos da universidade onde Krug leciona, se disse chocada e perplexa com a revelação. Ela estava prestes a começar um novo curso com a professora na segunda-feira.
"Me parte o coração saber que esses alunos chegaram, com olhos brilhando e ansiosos para aprender sobre herança latina e a história", disse ela ao jornal Washington Post. "Nós todos depositávamos muita confiança nela."
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