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Walmart recolhe armas em lojas por risco de 'agitação social' em reta final das eleições nos EUA

"Removemos nossas armas de fogo e munições das áreas de vendas como precaução para a segurança de nossos associados e clientes", afirmou a rede Walmart sobre decisão na véspera de pleito presidencial< - Getty Images
'Removemos nossas armas de fogo e munições das áreas de vendas como precaução para a segurança de nossos associados e clientes', afirmou a rede Walmart sobre decisão na véspera de pleito presidencial< Imagem: Getty Images

Ricardo Senra - Enviado da BBC News Brasil a Miami (EUA)

30/10/2020 08h47

Revólveres, pistolas, fuzis e munição de diferentes calibres foram recolhidos nesta semana das lojas Walmart, nos EUA, onde eram expostas do mesmo jeito que telefones celulares ou eletrônicos são apresentados em lojas de departamento no Brasil.

A rede de supermercados informou que a decisão é um gesto de precaução para garantir a segurança de funcionários e clientes e que continuará vendendo os produtos, mesmo sem exibi-los.

"Vimos alguns distúrbios isolados e, como fizemos em várias ocasiões nos últimos anos, removemos nossas armas de fogo e munições das áreas de vendas como precaução para a segurança de nossos associados e clientes", informou a rede, em nota enviada ao Wall Street Journal.

Nos últimos dias, a imprensa dos EUA tem reportado diferentes medidas tomadas por polícias em todo o país para antecipar e responder a possíveis confrontos e agitações ligadas às eleições, marcada para a próxima terça-feira.

O dia 3 de novembro, data oficial da votação no país, é o que mobiliza mais esforços - mas não para por aí.

Pós-eleições

É o período posterior à votação - janela que inclui desde a contagem de votos até as comemorações (ou protestos) associadas ao vencedor e ao perdedor - que tem gerado mais preocupação entre forças de segurança.

O chefe de polícia de Chicago, David Brown, disse à imprensa que realizou três exercícios e planeja pelo menos mais um para responder a possíveis problemas após as eleições.

O mesmo acontece em locais como Nova York, Washington, Miami e outras capitais em todo o país.

Um documento divulgado no início de outubro pelo Departamento de Segurança Nacional (Homeland Security) dos EUA aponta riscos relacionados às eleições.

Além de ameaças estrangeiras e crimes digitais, o departamento diz que "extremistas violentos domésticos (EVD) e outros atores podem ter como alvo eventos relacionados às campanhas presidenciais de 2020, a própria eleição, os resultados das eleições ou o período pós-eleitoral".

"Alguns EVDs aumentaram sua atenção a atividades eleitorais ou de campanha, declarações públicas dos candidatos e questões políticas ligadas a candidatos específicos", diz o texto.

"Eventos ao ar livre e infraestrutura eleitoral com acesso público, como encontros de campanha, locais de votação e eventos de registro de eleitores seriam os pontos de violência mais prováveis.

Protestos

Segundo o serviço de verificação de antecedentes criminais do FBI, a busca por armas de fogo nos EUA disparou em 2020.

De janeiro a julho, a demanda por armamento teria crescido 72% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo representantes da indústria nos EUA.

O Walmart não informou quando deve voltar a expor armamento e equipamentos relacionados em aproximadamente 2,3 mil das mais de 4,7 mil lojas da rede nos EUA.

Nas noites de terça e quarta-feira (28/10), uma série de protestos acompanhados de saques foram registrados na Filadélfia, onde um homem negro supostamente com problemas mentais foi morto a tiros por policiais.

Uma loja do Walmart foi saqueada em Port Richmond - segundo a imprensa local, 11 pessoas foram baleadas na ocasião. Na loja, que vende armamentos, testemunhas dizem ter visto balas em munição espalhadas pelo chão.

Não se sabe se as balas foram usadas nos ataques.