Topo

Esse conteúdo é antigo

Como Dinamarca teria ajudado EUA a espionar Angela Merkel e outros líderes europeus

Angela Merkel supostamente era um dos alvos da inteligência dos EUA - Reuters
Angela Merkel supostamente era um dos alvos da inteligência dos EUA Imagem: Reuters

31/05/2021 07h46Atualizada em 31/05/2021 07h49

O serviço secreto dinamarquês ajudou os Estados Unidos a espionar políticos europeus, incluindo a chanceler alemã Angela Merkel de 2012 a 2014, reportagem da imprensa dinamarquesa.

O Serviço de Inteligência de Defesa (FE) da Dinamarca colaborou com a Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA) para coletar informações, de acordo com um relatório da emissora dinamarquesa Danmarks Radio.

Dados foram coletados sobre funcionários de Alemanha, França, Suécia e Noruega, de acordo com o relatório. Alegações semelhantes já haviam surgido em 2013.

Naquela ocasião, segredos vazados pelo delator americano Edward Snowden indicavam que a chanceler alemã teve seu telefone grampeado.

Quando essas alegações foram feitas, a Casa Branca não as negou completamente, mas disse que o telefone de Merkel não estava grampeado no momento e não estaria no futuro. A Alemanha é aliada próxima dos EUA.

Em um novo relatório compartilhado com várias agências de notícias europeias, a NSA teria acessado mensagens de texto e conversas telefônicas de uma série de indivíduos de alto escalão na Europa através de uma cooperação com os dinamarqueses da FE.

A suposta configuração, que no relatório foi batizada de "Operação Dunhammer", permitiu à NSA obter dados usando números de telefone de políticos como parâmetros de busca, de acordo com a Rádio Danmarks.

O relatório surge após uma investigação da emissora envolvendo entrevistas com nove fontes. Todas teriam tido acesso a informações confidenciais em poder da FE.

Junto com Merkel, o então ministro das Relações Exteriores alemão Frank-Walter Steinmeier e o líder da oposição na época, Peer Steinbruck, também teriam sido alvos.

A ministra da Defesa da Dinamarca, Trine Bramsen, que teria sido informada previamente sobre a espionagem, disse à Rádio Danmarks que "escuta telefônica sistemática de aliados próximos é inaceitável".

Nem a FE nem a NSA comentaram ainda os últimos relatórios.

Após a notícia do relatório no domingo, Snowden acusou o presidente dos EUA, Joe Biden, de estar "profundamente envolvido neste escândalo na primeira vez [que ele surgiu]". Biden era vice-presidente dos EUA na época em que ocorreu a vigilância relatada.

"Deve haver uma exigência explícita de divulgação pública total não apenas da Dinamarca, mas também de seu parceiro sênior", ele tuitou, em referência ao governo americano.

Em 2013, Snowden —um ex-prestador de serviços da Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA)— vazou para a imprensa detalhes de uma extensa vigilância de internet e telefone pela inteligência dos EUA.

Os EUA então o acusaram de roubo de propriedade do governo, comunicação não autorizada de informações de defesa nacional e comunicação intencional de inteligência de comunicações confidenciais. Snowden mais tarde buscou refúgio na Rússia.

Antes das evidências que ele expôs, os principais funcionários da inteligência dos EUA insistiram publicamente que a NSA nunca havia coletado intencionalmente dados de registros telefônicos privados.