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Olaf Scholz: quem é novo líder da Alemanha que assume após 16 anos de Angela Merkel no cargo

Político de centro-esquerda, Scholz foi prefeito de Hamburgo e vice-chanceler de Merkel por três anos - Christoph Soeder/POOL/AFP
Político de centro-esquerda, Scholz foi prefeito de Hamburgo e vice-chanceler de Merkel por três anos Imagem: Christoph Soeder/POOL/AFP

08/12/2021 17h58Atualizada em 08/12/2021 18h04

Ele venceu as eleições gerais da Alemanha e agora o político que foi vice da chanceler Angela Merkel por três anos assume o cargo.

Olaf Scholz conseguiu deixar sua velha imagem de tecnocrata para trás e garantiu um acordo para governar com os Verdes (Greens) e os Democratas Livres (Free Democrats).

O ex-prefeito de Hamburgo, de 63 anos, prometeu continuidade aos eleitores após 16 anos sob o governo da conservadora Merkel, mesmo sendo candidato pelo rival Partido Social Democrata (SPD).

Sua maneira pragmática de lidar com a crise da pandemia de covid-19 rendeu-lhe muitos elogios e altos índices de aprovação.

Seus críticos falaram sobre seu histórico como ministro das Finanças, acusando-o de fracassos em dois grandes escândalos financeiros.

Gerenciando a crise da covid

Como ministro, Scholz supervisionou o pacote de financiamento de emergência de 750 bilhões de euros (R$ 4,7 trilhões) elaborado pelo governo federal para ajudar empresas e trabalhadores alemães a sobreviverem à pandemia.

"Esta é a arma necessária para realizar o trabalho", disse Scholz. "Estamos colocando todas as nossas armas na mesa para mostrar que somos fortes o suficiente para superar qualquer desafio econômico que este problema possa representar."

Ele presidiu reuniões de gabinete quando a chanceler Merkel se isolou por precaução.

Apesar da crise da covid, Scholz tinha uma base para administrar o bem-estar social e lutar pela coesão dos alemães, fiel às suas raízes de esquerda.

Antes de ser anunciada sua candidatura do SPD para o cargo de chanceler, Scholz costumava dizer, quando perguntado se iria concorrer, "temos de trabalhar, não nos dar ao luxo de vaidades".

Solidariedade com a França

Com a França, Scholz também liderou a arquitetura do fundo de 750 bilhões de euros da União Europeia para recuperação da pandemia.

E depois da era de relações estreitas de Angela Merkel com a França, o histórico de Scholz em manter a solidariedade franco-alemã também é favorável.

O ministro das Finanças da França, Bruno Le Maire, elogiou-o não apenas por sua solidariedade com a França, mas também a seu irmão, Jens Scholz, que transportou de avião seis pacientes franceses com covid-19 em estado crítico para o hospital em Kiel. Foi uma missão cara para salvar vidas, paga pelo governo alemão.

"Então, obrigado, Olaf, por tudo o que você já fez. Mas obrigado também ao seu irmão. É realmente uma grande família alemã, a família Scholz", disse Le Maire.

Frustrações na esquerda

Nas fileiras do SPD, no entanto, Olaf Scholz é visto como um conservador. O partido é coliderado por Saskia Esken e Norbert Walter-Borjans, que estão mais à esquerda.

Scholz, que é casado com a colega política do SPD Britta Ernst, cresceu em Hamburgo e entrou para a política como líder da Juventude Socialista. Ele estudou direito do trabalho.

Foi prefeito de Hamburgo de 2011 a 2018, período em que sua política se tornou menos radical. Ele foi eleito pela primeira vez para o parlamento federal (Bundestag) em 1998.

O SPD foi parceiro de coalizão dos Democratas Cristãos (CDU) de Merkel durante grande parte dos últimos oito anos e muitos membros do SPD reclamaram que as políticas acordadas por sua grande coalizão ou "GroKo" eram muito conservadoras.

Em contraste, seu rival conservador nas eleições, Armin Laschet, o acusou repetidamente de não descartar uma aliança com o esquerdista Die Linke. Nunca foi provável, mas politicamente não seria sensato o deputado Scholz rejeitá-lo imediatamente.

O grande plano político de Die Linke de deixar a Otan nunca esteve em sua agenda. "Todo mundo que me conhece sabe o que está havendo", disse ele durante um debate.

E os eleitores sabiam que o vice-chanceler havia trabalhado em conjunto e com sucesso com Angela Merkel, então ele conseguiu mais com o eleitorado do que o sucessor dela apontado como candidato de continuidade.

Seu desempenho no debate foi amplamente elogiado como seguro, mesmo que ele parecesse previsível, e ele foi ajudado por uma campanha sem brilho de Laschet.

Ele pareceu mais vulnerável quando foi pressionado sobre como seu departamento estava lidando com dois escândalos financeiros — Wirecard e a fraude comercial cum-ex. O colapso da empresa de pagamentos Wirecard foi o maior escândalo de fraude na Alemanha moderna e um relatório deste ano disse que Scholz era o responsável pela falha do regulador.

Ele foi pego no golpe de dividendos de ações cum-ex porque era prefeito de Hamburgo quando milhões de euros foram perdidos. No entanto, nenhum dos dois casos lhe causou muito dano com os eleitores. Os analistas sugeriram que os escândalos eram complexos demais para que os eleitores se preocupassem.

Seis dias antes da eleição, ele apareceu pessoalmente para responder às perguntas dos parlamentares sobre as investigações de lavagem de dinheiro. Um parlamentar liberal disse que ele "não tem controle sobre seus próprios assuntos".