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Eleições 2022: quem são os candidatos a presidente e os obstáculos que devem enfrentar

Jair Bolsonaro vai disputar a reeleição enquanto Lula tenta retornar ao Palácio do Planalto para um terceiro mandato. Enquanto isso, candidatos de esquerda e direita tentam se viabilizar com "terceira via" - Getty Images
Jair Bolsonaro vai disputar a reeleição enquanto Lula tenta retornar ao Palácio do Planalto para um terceiro mandato. Enquanto isso, candidatos de esquerda e direita tentam se viabilizar com 'terceira via' Imagem: Getty Images

Nathalia Passarinho - @npassarinho - Da BBC News Brasil em Londres

23/05/2022 13h35

Conheça os 11 nomes que estão na disputa e alguns desafios que têm para conseguir se eleger.

Esta reportagem foi atualizada no dia 14 de setembro de 2022.

A campanha para a eleição presidencial de 2022 segue em clima de grande polarização, com Jair Bolsonaro (PL) disputando a reeleição e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tentando retornar à Presidência da República para um terceiro mandato. Os dois lideram as intenções de voto.

Mais atrás nas pesquisas, Ciro Gomes (PDT) e a senadora Simone Tebet (MDB) se apresentam como uma terceira via a Lula e Bolsonaro, mas ainda não conseguiram chegar aos dois dígitos nos levantamentos mais recentes.

José Maria Eymael (DC), Leonardo Péricles (UP), Luiz Felipe d'Avila (Novo), Padre Kelmon (PTB), Sofia Manzano (PCB), Soraya Thronicke (União Brasil) e Vera Lúcia (PSTU) tiveram 1% ou menos.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou até o momento todas as candidaturas, com exceção do pedido de Kelmon, cujo julgamento está pendente. Ele era vice do ex-deputado federal Roberto Jefferson, que teve seu registro negado por causa da Lei da Ficha Limpa, e assumiu a cabeça da chapa.

A candidatura de Pablo Marçal (Pros) também foi rejeitada pelo TSE em 6 de setembro, após seu partido retirar o pedido e anunciar apoio a Lula. Marçal declarou depois que apoia Bolsonaro.

Outros cinco candidatos já se retiraram da corrida presidencial:

A BBC News Brasil lista aqui os 11 que seguem na disputa pela Presidência.

Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

O ex-presidente Lula aparece em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto para presidente da República, com 46% das intenções de voto na pesquisa Ipec - e 51% dos votos válidos.

Sua candidatura pelo PT à Presidência, que pareceu distante há alguns anos, ganhou força e se materializou desde que Lula teve sua condenação por corrupção anulada pelo Supremo Tribunal Federal (STF),

A pesquisa Ipec indica uma vantagem de 15 pontos de Lula sobre Bolsonaro, que é o segundo colocado.

Além disso, a rejeição do ex-presidente é menor do que a de Bolsonaro: 35% x 50%.

Uma das estratégias do PT para diminuir a resistência a Lula foi a indicação do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB) como vice da chapa.

O principal obstáculo do ex-presidente é o antipetismo, que ainda deve ter peso na próxima disputa presidencial, com eleitores buscando alternativas em uma terceira via ou recorrendo a Bolsonaro para evitar uma vitória de Lula.

Jair Bolsonaro (PL)

O presidente Jair Bolsonaro vai disputar a reeleição pelo Partido Liberal (PL), legenda de Valdemar Costa Neto, um dos condenados no escândalo do Mensalão. Atualmente ele tenta alavancar seus números nas pesquisas eleitorais.

Na pesquisa Ipec divulgada no dia de 12 de setembro, encomendada pela TV Globo, Bolsonaro ficou com 31% das intenções de voto.

No começo do ano, Bolsonaro enfrentava efeitos de uma avaliação negativa sobre sua condução do governo como a reação do governo à pandemia do coronavírus, os escândalos envolvendo seus filhos, especialmente em relação às chamadas "rachadinhas" e acusações relacionadas à compra de vacinas contra a covid-19.

Seu governo também foi atingido por suspeitas de irregularidades praticadas no Ministério da Educação. As suspeitas são de que pastores evangélicos estariam cobrando propina de prefeitos em troca da liberação de verbas do Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação (FNDE). O governo alega que determinou que o caso fosse investigado, mas o caso já levou à queda do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, que chegou a ser preso.

A crise econômica, com alta contínua da inflação, e o aumento da pobreza também podem significar desafios para a reeleição de Bolsonaro.

Por outro lado, o aumento do valor do Auxílio Brasil (antigo Bolsa Família) para R$ 600 pode ajudar a recuperar parte dos votos. Bolsonaro deu novo nome ao programa, em uma tentativa de imprimir marca própria na assistência social. O presidente também conta com uma base de eleitores fiéis dispostos a ir às ruas para defender suas posições, como ocorreu nos protestos de 7 de setembro do ano passado.

Ciro Gomes (PDT)

Esta é a quarta vez que Ciro Gomes concorre à Presidência. Em 2018, ficou em terceiro lugar no primeiro turno, com 12,5% dos votos.

Ele também concorreu em 2002 e 1998. Candidato associado à esquerda ou centro-esquerda, Ciro Gomes tenta novamente despontar como alternativa a Lula e Bolsonaro.

Na pesquisa Ipec de 12 de setembro, Ciro marcou 7% nas intenções de voto. A mesma pesquisa indicou que 52% de seus eleitores admitem que podem mudar o voto, em comparação com 14% e 16% para Lula e Bolsonaro, respectivamente.

A seu favor, ele conta com experiência política, em uma eleição que não dará o mesmo peso a outsiders, ou figuras antipolíticas, como a de 2018. Ciro foi prefeito de Fortaleza, deputado estadual, deputado federal, governador do Ceará e ministro dos governos de Itamar Franco e Lula.

Para fazer frente à candidatura de Lula, Ciro tem adotado uma estratégia de ataque, criticando fortemente o ex-presidente.

Se por um lado essa estratégia visa firmar Ciro Gomes como alternativa a Lula, por outro, pode eventualmente afastar eleitores que nutrem alguma simpatia pelo PT ou que defendem uma ampla aliança contra Bolsonaro.

Simone Tebet (MDB)

A candidatura de Simone Tebet foi lançada em dezembro de 2021 pela direção nacional do MDB e oficializada em julho deste ano. É a primeira vez que a senadora disputa o cargo.

Ela foi a primeira mulher a disputar o comando do Senado, em 2021. Também foi a primeira mulher a comandar a disputada Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a primeira vice-governadora de Mato Grosso do Sul e primeira prefeita de Três Lagoas (MS).

A possibilidade de candidatura à Presidência surgiu do destaque que Tebet teve na CPI da Covid no Senado.

Embora não fosse integrante fixa da comissão, ela participou dos principais depoimentos com uma postura contundente e crítica à gestão de Bolsonaro na pandemia.

O principal obstáculo que a senadora enfrenta é se tornar nacionalmente conhecida. Na última pesquisa Ipec, Tebet atingiu 4% das intenções de voto.

Luiz Felipe D'Ávila (Novo)

O cientista político Luiz Felipe D'Ávila foi anunciado em novembro e oficializado em julho como candidato do Partido Novo à Presidência da República.

Em 2018, a legenda surpreendeu em desempenho quando seu então candidato à presidente, João Amoêdo, terminou o primeiro turno em quinto lugar, com 2,5% dos votos, à frente de candidatos como Henrique Meirelles (então MDB, hoje no União Brasil) e Marina Silva (Rede).

Amoêdo, que chegou a anunciar voto em Bolsonaro no segundo turno, passou a defender o impeachment do presidente durante a pandemia.

Ele chegou a ser lançado novamente como pré-candidato pelo Novo no início do ano, mas sua candidatura sofreu oposição de parcela dos integrantes do partido, sobretudo entre os que apoiam Bolsonaro.

O partido, então, decidiu lançar D'Ávila. Ex-PSDB, ele coordenou o programa de governo do candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin, em 2018, mas depois deixou o partido. Ele é crítico de Bolsonaro e Lula e diz que os dois formaram governos "populistas de direita e esquerda".

Ao ser lançado pré-candidato pelo Novo, defendeu privatizações e outras reformas para reduzir o papel do Estado na economia.

Ele teve 1% na última pesquisa Ipec, de 12 de setembro.

Soraya Thronicke (União Brasil)

A senadora por Mato Grosso do Sul Soraya Thornicke será a candidata do União Brasil após a desistência do presidente da sigla, Luciano Bivar, que resolveu disputar a reeleição como deputado federal por Pernambuco.

A empresária tem 49 anos e nasceu em Dourados (MS). Foi eleita em 2018 pelo PSL, partido que elegeu Bolsonaro e se tornou o União Brasil.

Foi vice-líder do governo no Congresso e é coordenadora política da Frente Parlamentar da Agropecuária no Senado.

Tem como propostas a criação de um imposto único, o fim do foro privilegiado para todas as autoridades e a fundação de uma corte anticorrupção formada por 30 juízes e 11 desembargadores.

Ela obteve 1% na última pesquisa Ipec.

José Maria Eymael (Democracia Cristã)

O fundador e atual presidente do Democracia Cristã José Maria Eymael já disputou a Presidência outras cinco vezes no passado.

Foi deputado federal constituinte em 1988 (seu nome na urna será "Constituinte Eymael") e ficou conhecido pelo jingle "Ey, Ey, Eymael, um democrata cristão", lançado em 1985, quando se candidatou a prefeito de São Paulo pela primeira vez.

No discurso em que formalizou sua participação na corrida de 2022, o empresário e advogado, com especialização em direito tributário, disse ser a favor de "valores da família" e que defende a adoção de programas de emprego e moradia para o país.

Eymael, de 82 anos, concorreu à Presidência nas eleições de 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018. Nunca foi para o segundo turno e, nas últimas eleições, recebeu 41,7 mil votos (0,04%).

Ele não atingiu 1% na última pesquisa de intenção de votos do Ipec.

Leonardo Péricles (Unidade Popular)

Leonardo Péricles é técnico em eletrônica e presidente nacional do Unidade Popular pelo Socialismo (UP), partido de esquerda fundado em 2019.

Ele mora em uma ocupação em Belo Horizonte, e sua candidatura foi anunciada em novembro de 2021 e oficializada em julho de 2022.

O pré-candidato defende pautas como a realização de uma nova Assembleia Constituinte e um plebiscito para consultar a população sobre refinanciamento da dívida pública do país e a reforma urbana por meio da destinação de imóveis ociosos para moradia popular.

Assim como Vera Lúcia, Leonardo também enfrenta uma alta taxa de desconhecimento por parte do eleitorado.

Ele foi citado, mas não atingiu 1% na pesquisas de intenção de voto do Ipec de 12 de setembro.

Padre Kelmon

Kelmon Luis da Silva Souza, descrito por seu partido como "homem cristão, conservador e de direita", se apresenta como um "sacerdote ortodoxo".

O baiano de 45 anos era vice do ex-deputado federal Roberto Jefferson e assumiu a cabeça da chapa do PTB depois que Jefferson teve seu pedido de candidatura negado pelo TSE, em 1º de setembro.

O tribunal concluiu que o ex-deputado federal está inelegível devido à sua condenação criminal pelo Supremo Tribunal Federal em 2013 por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

No entanto, o plano de governo, intitulado Direita, Graças à Deus, não sofreu alterações.

Entre as propostas, estão reduzir e simplificar a carga tributária, privatizar estatais, cortar despesas com pessoal, simplificar a legislação trabalhista e unificar a Previdência para funcionários dos setores privado e público.

Kelmon foi citado na última pesquisa do Ipec, mas não chegou a 1% das intenções de voto.

Sofia Manzano (PCB)

Em fevereiro, o Partido Comunista Brasileiro (PCB) lançou a candidatura da professora universitária Sofia Manzano, que foi oficializada em julho. Ela tem 50 anos de idade e começou sua militância política aos 18, em 1989.

Manzano é economista formada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), mestre em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e doutora em História pela Universidade de São Paulo (USP).

Desde 2013, ela vive em Vitória da Conquista, onde dá aulas na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb). O foco das suas pesquisas são as relações de trabalho e a desigualdade social.

Em entrevista concedida em abril para o site Brasil de Fato RS, Manzano defendeu propostas como intensificar pesquisas universitárias para o setor agrícola para que elas tenham como foco a agricultura familiar e as pequenas propriedades e não o chamado agronegócio. Ela também fez uma defesa do comunismo.

Manzano foi citada por eleitores consultados pelo Ipec em seu levantamento mais recente, mas não chegou a 1%.

Vera Lúcia (PSTU)

O Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) lançou a candidatura de Vera Lúcia em 19 de março e a oficializou em julho.

Esta será a segunda vez que ela disputa a Presidência pela sigla. A primeira foi em 2018, quando obteve 55,7 mil votos, o equivalente a 0,05% dos votos válidos.

O PSTU foi fundado no início dos anos 1990 a partir de dissidências de outros partidos como o PT, partido ao qual Vera Lúcia chegou a ser filiada até 1992. O partido se autodefine como "socialista e revolucionário".

Antes de ingressar na política, Vera Lúcia foi faxineira e costureira em Sergipe, Estado onde iniciou sua militância. Ela participou da fundação do sindicato dos profissionais de costura da indústria calçadista do Estado.

Durante os governos petistas, o PSTU se colocou como oposição, fazendo críticas tanto às gestões de Lula quanto de Dilma.

Na última pesquisa Ipec, Vera Lúcia foi citada, mas não chegou a obter 1% das intenções de voto.


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