Apoio de países ocidentais à Ucrânia está perdendo força?
À medida que a Rússia consegue algum progresso em Donbass, estariam surgindo divergências no consenso ocidental sobre a Ucrânia?
Com as forças russas avançando lentamente na região leste de Donbass e especialistas militares falando de uma longa guerra de desgaste, fissuras parecem ter começado a aparecer no apoio do Ocidente à Ucrânia.
Enquanto dirige a ação da Rússia dos luxuosos salões do Kremlin, o que Vladimir Putin pensa sobre os intensos debates ocidentais sobre a melhor forma de apoiar a Ucrânia e até que ponto a Rússia deve ser punida?
Em um canto, ele vê governos do Reino Unido, da Polônia e no Báltico defendendo que a Rússia seja firmemente derrotada.
"Precisamos garantir que a Rússia seja expulsa da Ucrânia pelos ucranianos", disse a secretária britânica de Relações Exteriores, Liz Truss, na semana passada.
"A integridade do território ucraniano é inegociável."
Do outro lado, Putin vê líderes na França, Alemanha e Itália pedindo uma abordagem diferente.
No início de maio, o presidente da França, Emmanuel Macron, fez um apelo para que houvesse um cessar-fogo entre a Rússia e a Ucrânia. Ele pediu que o Ocidente "não ceda à tentação da humilhação, nem ao espírito de vingança".
No dia seguinte, o primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, falando na Casa Branca, disse que as pessoas na Europa querem "imaginar a possibilidade de haver um cessar-fogo com negociações críveis".
Depois que Macron e o chanceler alemão, Olaf Scholz, conversaram por 80 minutos com Putin no sábado, com o objetivo de convencê-lo a permitir que a Ucrânia exporte grãos pelo Mar Negro, o vice-primeiro-ministro da Letônia fez críticas pesadas aos ocidentais nas redes sociais.
"Parece que há uma série de chamados líderes ocidentais que possuem a necessidade explícita de auto-humilhação, em combinação com um total distanciamento da realidade política", tuitou Artis Pabriks.
Sinais contraditórios
Mas para o Kremlin, o que realmente interessa é o presidente dos EUA.
Mas Joe Biden enviou recados diferentes em momentos distintos. Em março ele chamou Putin de "criminoso de guerra", parecendo sugerir a necessidade de mudança de regime em Moscou. Esta semana ele parecia relutante em enviar sistemas de foguetes à Ucrânia "que possam atacar a Rússia".
O ex-primeiro-ministro e ex-presidente russo Dmitry Medvedev chamou essa declaração de "racional". Mas a decisão dos EUA anunciada na quarta-feira de enviar um sistema de foguetes mais avançado para a Ucrânia foi descrita pelo Kremlin como "jogar gasolina no fogo".
Com o costume do presidente dos EUA de falar de improviso, geralmente cabe ao seu secretário de Estado, Anthony Blinken, apresentar a posição oficial do governo.
Em uma recente reunião de ministros das Relações Exteriores da Otan em Berlim, Blinken disse que os EUA e seus parceiros estão "focados em dar à Ucrânia a mão mais forte possível no campo de batalha e em qualquer mesa de negociações, para que o país possa repelir a agressão russa e defender sua independência e soberania".
São palavras fortes, mas como exatamente se define "a mão mais forte possível"? E o que significa defender "plenamente" a independência e a soberania da Ucrânia?
As divergências estão começando a minar o consenso ocidental sobre a Ucrânia?
"Você só precisa olhar para a dificuldade que foi se chegar ao embargo do petróleo", diz Ian Bond, diretor de política externa do Centro para a Reforma Europeia, referindo-se às semanas difíceis de negociação que resultaram no embargo parcial da União Europeia ao petróleo russo nesta semana.
A noção de que a UE passará a sancionar também o gás russo já foi abandonada. Os países bálticos e a Polônia gostariam que isso acontecesse rapidamente, mas a primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas, admitiu esta semana que "todas as próximas sanções serão mais difíceis".
O chanceler da Áustria, Karl Nehammer, disse que um embargo de gás "não será um problema no próximo pacote de sanções".
Mais armas
O Ocidente prometeu muito, argumenta Kiev, mas cumpriu pouco.
A insatisfação da opinião pública no Ocidente poderia minar o apoio à Ucrânia?
Apesar de todas as ansiedades, o consenso ocidental sobre a Ucrânia permanece intacto.
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