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Eleições nos EUA: por que vitória democrata no Senado importa na disputa com republicanos

11.nov.2022 - Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, na COP27, no Egito - Reprodução
11.nov.2022 - Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, na COP27, no Egito Imagem: Reprodução

Anthony Zurcher - BBC News

13/11/2022 18h16

Agora é oficial: os democratas mantiveram o controle do Senado dos Estados Unidos. Eis por que isso importa.

Quatro dias depois que dezenas de milhões de americanos foram às urnas, a vitória apertada de Catherine Cortez Masto em Nevada na noite de sábado (13/11) finalmente deu um resultado decisivo na batalha política nacional.

Os democratas agora lideram com 50 senadores contra 49 na câmara alta do Congresso. Mesmo que os republicanos ganhem a disputa restante para o Senado na Geórgia, a vice-presidente Kamala Harris poderá dar um voto de desempate.

Tem sido assim nos últimos dois anos, é claro - mas isso abre o caminho para o presidente Joe Biden passar mais dois anos enchendo os tribunais federais com seus indicados e contratando para seu governo quem achar melhor.

De forma mais significativa, se uma vaga da Suprema Corte ficar disponível devido a uma aposentadoria inesperada ou à morte de um juiz, os republicanos não poderão vetar a escolha de Biden.

Os democratas lembram de como, em 2016, o então líder da maioria no Senado, o republicano Mitch McConnell, bloqueou o indicado de Barack Obama.

A vitória em Nevada significa que o segundo turno do Senado da Geórgia em 6 de dezembro não é mais uma disputa crucial para determinar o controle da Casa.

Biden, no entanto, disse que "é melhor" que os democratas cheguem a 51 cadeiras. A margem extra certamente facilitaria a gestão de uma maioria e também ajudaria em 2024, quando o partido terá mais assentos em risco para defender.

Ainda há uma probabilidade, embora não certeza, de que os republicanos controlem com uma pequena maioria a Câmara dos Deputados, trazendo uma série de dores de cabeça para o presidente.

Sua agenda legislativa está sepultada, e um controle republicano mais agressiva deve ocorrer, mas mesmo isso tem um lado positivo - se seus oponentes políticos forem incapazes de governar efetivamente devido à discórdia interna.

As consequências deste resultado eleitoral de meio de mandato que desafia a história ainda estão sendo analisadas.

A posição de Joe Biden dentro de seu partido ganhou força. Seus assessores agora estão falando com mais confiança sobre sua intenção de buscar um segundo mandato como presidente. Seus ex-rivais, como a senadora liberal de Massachusetts Elizabeth Warren, são só elogios.

"Esta vitória pertence a Joe Biden", disse ela no domingo. "A liderança do presidente nos colocou em uma boa posição - todos os candidatos nas urnas - para falar sobre pelo que os democratas lutam e o que fizemos."

Enquanto isso, o futuro político de Donald Trump foi prejudicado, embora ainda não se saiba quão duradouro isso seja.

Um dia depois que os democratas venceram o Senado, e enquanto continuam a ganhar disputas na Câmara dos Deputados, alguns republicanos estão se colocando na frente das câmeras para colocar a culpa diretamente em Donald Trump.

Eles são em geral, no entanto, os mesmos que foram críticos regulares do ex-presidente no passado.

O senador Bill Cassidy, que disse que os candidatos apoiados por Trump tiveram "desempenho inferior" nas eleições de meio de mandato, votou pela condenação do ex-presidente em seu segundo julgamento de impeachment.

O governador de Maryland, Larry Hogan disse que o ex-presidente custou aos republicanos as eleições recentes.

O verdadeiro teste será se aliados de longa data de Trump - como o senador Lindsey Graham, da Carolina do Sul, membros do ultraconservador House Freedom Caucus ou governadores republicanos proeminentes - se voltarem contra ele.

Eles encontrarão outras coisas para fazer quando Trump realizar um comício em seus Estados? Eles se calarão se ele concorrer à Presidência? Arriscarão a ira de Trump se não o apoiarem o suficiente?

De acordo com relatos recentes, os aliados do ex-presidente estão pressionando os republicanos interessados em cargos de liderança no Congresso a apoiar publicamente as aspirações presidenciais de Trump.

Uma delas, a congressista Elise Stefanik, de Nova York, já fez isso. Se mais seguirem o exemplo, pode ser uma indicação de que - apesar dos eventos recentes - políticos republicanos ambiciosos ainda veem seu caminho para o sucesso passando pela bênção do ex-presidente.

O cenário político parece consideravelmente diferente do que há apenas uma semana. Os democratas estão se sentindo mais confiantes, enquanto os republicanos lutam para recuperar o equilíbrio.

Mas, dada a natureza incerta da política americana nos dias de hoje, não há garantia de que o cenário não mudará novamente em pouco tempo.