Topo

Esse conteúdo é antigo

Elite russa recebe vacina experimental contra covid-19

Empresários e membros da elite da Rússia receberam acesso antecipado a vacina experimental contra a covid-19 - Cravetiger / Getty Images
Empresários e membros da elite da Rússia receberam acesso antecipado a vacina experimental contra a covid-19 Imagem: Cravetiger / Getty Images

Stepan Kravchenko, Yuliya Fedorinova e Ilya Arkhipov

20/07/2020 15h08

Dezenas de empresários e políticos da elite da Rússia receberam acesso antecipado a uma vacina experimental contra a covid-19, segundo pessoas a par do assunto, em meio à corrida do país para estar entre os primeiros a desenvolver o medicamento.

Executivos do alto escalão de empresas como a gigante de alumínio United Co. Rusal, bem como magnatas bilionários e autoridades do governo, começaram a receber doses já em abril desenvolvidas pelo instituto estatal Gamaleya, em Moscou, disseram as pessoas, que não quiseram ser identificadas.

A vacina do Instituto Gamaleya, financiada pelo Fundo de Investimento Direto Russo e apoiada pelo Ministério da Defesa, concluiu na semana passada um teste da fase 1 envolvendo militares. O instituto não publicou resultados do estudo, que envolveu cerca de 40 pessoas, mas iniciou a próxima etapa de testes com um grupo maior.

A assessoria de imprensa do Gamaleya não pôde ser contatada imediatamente para comentar. Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin que se recuperou da Covid-19 depois de ser hospitalizado com o vírus em maio, disse que não sabe o nome de quem recebeu a vacina do instituto.

Perguntado em teleconferência com repórteres na segunda-feira se o presidente Vladimir Putin havia tomado a vacina, Peskov disse: "Provavelmente não seria uma boa ideia usar uma vacina não certificada no chefe de Estado", acrescentando que não estava ciente de outras autoridades que tivessem participado do teste.

Os comentários de Peskov seguiram uma declaração do Ministério da Saúde segundo o qual apenas os participantes dos ensaios do Gamaleya são atualmente elegíveis para os ensaios.

A candidata do Gamaleya é a chamada vacina de vetor viral baseada em adenovírus humano - um vírus do resfriado comum - combinada com a "proteína spike" da SARS CoV-2 para estimular uma resposta imune. É semelhante a uma vacina que está sendo desenvolvida pela chinesa CanSino Biologics, que já está em fase 2 de testes com planos para mais ensaios no Canadá.

O Canadá esteve entre os países - juntamente com EUA e Reino Unido - que na semana passada acusaram hackers apoiados pelo governo russo de tentarem roubar segredos das pesquisas para a vacina da Covid-19. Autoridades russas negam as acusações.

A Bloomberg confirmou dezenas de pessoas que receberam as doses, mas nenhuma concordou em publicar o nome.

Um executivo que foi inoculado disse que não teve efeitos colaterais. Ele disse que os riscos à saúde valem a pena para poder retomar a vida normal, tanto pessoal quanto profissional. Outros pacientes relataram febre e dores musculares depois de receber as doses.

O responsável pelo Instituto Gamaleya, Alexander Ginzbur, disse que não tem conhecimento de que autoridades do governo ou líderes empresariais tenham tomado a vacina da instituição, segundo a Interfax.