Com Bolsonaro, liberdade de imprensa se deteriora no Brasil, diz ONG
A chegada ao poder do presidente Jair Bolsonaro tensionou a relação do governo federal com a imprensa e contribuiu para o país caísse duas posições no Ranking 2020", afirma a ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF), se referindo à sua classificação anual da liberdade de imprensa no mundo, cuja mais recente edição foi divulgada nesta terça-feira (21/04).
O Brasil ocupa agora o 107° lugar, entre 180 países listados, à frente do Mali e atrás de Angola (106°), Montenegro (105°) e Moçambique (104°). A primeira posição na lista é da Noruega, seguida por Finlândia, Dinamarca e Suécia, enquanto a Coreia do Norte está na última colocação, à frente do Turcomenistão.
O Brasil mantém a tendência de queda no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa da RSF. No ano passado, o país já havia caído três posições em relação à edição anterior. A entidade alerta que essa queda deve continuar, "na medida em que o chefe do Executivo segue incentivando ataques a jornalistas e meios de comunicação".
A RSF afirma a eleição de Bolsonaro "marcou a abertura de um período especialmente sombrio para a democracia e a liberdade de imprensa" e que frisou que o presidente "promove sistematicamente um clima de ódio e de desconfiança em relação à imprensa" e que, em meio à pandemia, "o governo federal redobrou os ataques, questionando quase que diariamente a cobertura da crise sanitária".
A entidade também frisa que "o 'gabinete do ódio' que cerca o presidente brasileiro publica ataques em larga escala a jornalistas que fazem revelações sobre políticas do governo" e sublinha que "desde o início da epidemia de coronavírus, Jair Bolsonaro redobrou seus ataques à imprensa, que ele considera responsável por uma 'histeria' destinada a gerar pânico no país".
Outro ponto destacado pela ONG é a concentração da mídia brasileira, "sobretudo nas mãos de grandes famílias, com frequência, próximas da classe política". Além disso, segundo a RSF, "o sigilo das fontes é com frequência questionado e muitos jornalistas investigativos são alvo de processos judiciais abusivos" no Brasil.
"Regimes autoritários instrumentalizam pandemia"
A RSF também alerta que a pandemia de coronavírus está "ampliando" as ameaças à liberdade de imprensa em todo o mundo. A entidade sediada em Paris disse que alguns regimes autoritários se aproveitaram do surto para impor medidas extraordinárias. Também acusou a China e o Irã de censurar informações sobre o vírus.
"O surto de coronavírus revelou a lição mais importante dessa crise, a de que a censura na China não diz apenas respeito ao povo chinês. Também é uma ameaça para qualquer pessoa na Terra", disse o chefe da RSF no Leste Asiático, Cedric Alviani, ao correspondente da DW William Yang.
"Certamente existe uma relação estreita entre o regime e a censura, e o fato de eles terem tentado esconder todas as informações sobre a epidemia durante o primeiro mês é a melhor prova disso", concluiu.
Publicado anualmente desde 2002, o Ranking Mundial de Liberdade de Imprensa tem sua metodologia baseada no desempenho em termos de pluralismo, independência da mídia, ambiente e autocensura, arcabouço jurídico, transparência e qualidade das infraestruturas de apoio à produção de informações. Os índices são calculados a partir de um questionário preenchido por especialistas do mundo inteiro.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.