Holanda divulga nomes de 425 mil supostos colaboradores de nazistas
Autoridades holandesas divulgaram nomes de mais de 400 mil supostos colaboradores dos ocupantes nazistas do país na Segunda Guerra, após expiração da lei que restringia o acesso público ao arquivo.
O arquivo com 32 milhões de páginas inclui cerca de 425 mil nomes, em sua maioria de holandeses, que foram investigados por colaboração com os ocupantes nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. A lei restringindo o acesso expirou dia 31 de dezembro passado.
Apenas um quinto das pessoas listadas compareceu a um tribunal, e a maioria dos casos dizia respeito a delitos menores, como ser membro do movimento nacional-socialista.
Proteção de dados
Embora o Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR) da União Europeia proteja os dados pessoais, ele não se aplica aos que morreram - a grande maioria das pessoas listadas no arquivo.
Inicialmente, os arquivos digitalizados deveriam ser disponibilizados online na quinta-feira, dando aos usuários acesso a dossiês dos suspeitos, que também incluem suas vítimas e testemunhas.
No entanto, após um aviso da Autoridade Holandesa de Proteção de Dados, foi tomada no mês passado a decisão de adiar a liberação completa e, em vez disso, publicar apenas a lista de nomes.
Não foi definida uma data para a publicação desses dossiês, mas pessoas com interesse em pesquisa, incluindo descendentes, jornalistas e historiadores, podem fazer uma solicitação para consultá-los nos Arquivos Nacionais da Holanda, em Haia.
Polêmica
A medida foi tomada em meio a preocupações de descendentes dos supostos colaboradores, assim como de parentes das vítimas. Devido a esses temores, foi decidido inicialmente que só informações parciais sobre cada pessoa estariam acessíveis online.
Por enquanto, os arquivos completos, incluindo os detalhes dos supostos crimes cometidos, só podem ser visualizados nos Arquivos Nacionais.
Durante décadas, um estigma acompanhou aqueles na Holanda que eram suspeitos de terem apoiado e auxiliado as forças invasoras alemãs.
Uma pesquisa recente revelou que um quinto dos holandeses ainda preferem não ter descendentes de um colaborador em um cargo público, como prefeito ou membro do Parlamento, informou a emissora pública NOS.
De acordo com essa sondagem, os filhos e netos de colaboradores muitas vezes ainda sofrem por causa de seu histórico familiar.
Feridas mal curadas
As vítimas e os perpetradores agora temem que a abertura dos arquivos também reabra feridas mal curadas.
O registro de nomes recém-aberto fornece detalhes pessoais e o local de residência das pessoas envolvidas, assim como detalhes de quais delegacias de polícia e tribunais trataram de seus casos.
Também estão listados os números dos arquivos que detalham de que as pessoas são acusadas especificamente, que podem ser vistos nos Arquivos Nacionais.
(Reuters, DPA)
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